“A reabilitação pode ser um fator-chave que determina se um recluso será integrado na sociedade após a pena de prisão”, afirma o padre João Torres.
Braga, 30 out 2023 (Ecclesia) – O Presépio ao Vivo de Priscos, em Braga, já apoiou cerca de 50 reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga ao longo dos últimos oito anos, no âmbito do projeto “Natal Mais Priscos”, que prevê a inclusão social.
“O Presépio ao Vivo de Priscos é uma esperança, talvez mesmo um sonho que começou a realizar-se, na vida de muitos reclusos que são considerados não apenas pelo crime cometido, pelo qual estão a cumprir pena de prisão, mas também pela capacidade de fazer o bem”, afirmou o padre João Torres, responsável pelo projeto da Paróquia de Priscos e coordenador da Pastoral Penitenciária na Arquidiocese de Braga, em nota enviada à Agência ECCLESIA.
“Mais Natal Priscos” dá trabalho a reclusos, na sequência de um protocolo assinado entre a Paróquia e a Direção Geral da Reinserção e Serviços Prisionais, e tem como objetivo a reabilitação social para reduzir a incidência e apoiar os presos no regresso à vida ativa.
“Permitir que reclusos antes do fim da sua pena passem algum tempo na comunidade é um elemento vital para sua reintegração na sociedade. Pode ajudá-los a obter uma valiosa experiência de trabalho, obter qualificações ou aprender novas habilidades, não só técnicas, mas também sociais”, destacou o pároco de Priscos.
Para o sacerdote, “quando se fala de trabalho no exterior do Estabelecimento Prisional não é só de reinserção que se está a falar, mas de reinserção na realidade de vida”.
“Está-se a dar ferramentas que não tiveram antes, já que muitos deles viveram em ambientes desestruturados”, reconhece, sublinhando que “a reabilitação pode ser um fator-chave que determina se um recluso será integrado na sociedade após a pena de prisão”.
Segundo o padre João Torres, “este projeto utiliza o tempo das pessoas encarceradas para lhes proporcionar as competências necessárias para aumentar as suas possibilidades de conseguir um emprego, habitação e estabelecer mecanismos de apoio que possam utilizar quando estiverem em liberdade”.
Os reclusos cumprem um horário de trabalho entre as 8h30 e as 17h00, com intervalo de 60 minutos para almoço, e recebem renumeração mensal.
A refeição é feita “num espaço público”, no qual os presos convivem com pessoas da comunidade, considerando o padre João Torres, esta uma “inovação social dentro das experiências realizadas em Portugal”.
“A melhor forma de evitar novas vítimas e de compensar tanto quanto possível aqueles que sofreram o crime é esforçarmo-nos por garantir que não haja mais crimes, que os infratores sejam devidamente atendidos, que assumam a responsabilidade pelos seus crimes, que peçam perdão e tentem indemnizar as vítimas e que, finalmente, a reconciliação seja possível”, concluiu, referindo que esta é a missão do projeto.
O Presépio ao Vivo de Priscos é um projeto da Paróquia de São Tiago de Priscos, em Braga, e recria as cenas do nascimento de Jesus num espaço de 30.000 m2, com mais de 90 cenários e 600 figurantes.
LJ/PR