Braga: No recomeço das celebrações comunitárias, a fé entrou em campo (c/fotos)

Padre João Torres, que desde março celebrava a Eucaristia sozinho, decidiu usar também a máscara durante a missa para se sentir próximo dos seus paroquianos

Foto: Freguesia de Priscos

Braga, 02 jun 2020 (Ecclesia) – O padre João Torres, pároco na Arquidiocese de Braga, retomou as celebrações da Eucaristia com os seus paroquianos nos recintos desportivos das Juntas de Freguesia das suas três paróquias, contando com equipas para acolher, acompanhar e limpar os locais.

“Houve reuniões com a Proteção Civil, a Delegação de Saúde e com os Presidentes das Juntas, que tutelam os espaços e, que, naturalmente terão falado também com o município, todos acharam ser o melhor lugar porque os espaços estão para servir as pessoas”, disse hoje à Agência ECCLESIA.

O sacerdote é pároco em Guizande, Priscos e Tandim, onde as pessoas puderam participar nas celebrações da Eucaristia, no sábado e domingo, num campo de futebol, num pavilhão desportivo e num gimnodesportivo.

“Se noutros locais, devido à organização paroquial, as pessoas se tinham de inscrever, aqui foi só aparecer. E vieram outros de outras comunidades. A refeição estava servida e havia comida para mais um”, recorda.

Uma equipa de acolhimento, à porta, recebia quem chegava e acompanhava as pessoas aos seus lugares, “alguns disseram que se sentiam numa sala de espetáculo, a ser conduzidas ao seu lugar”, conta.

A equipa de higienização chamada a atenção para o uso obrigatório da máscara e dava indicações de manuseamento da mesma para a comunhão, dando indicações ainda sobre o necessário distanciamento.

No final, uma equipa de limpeza cuidou para que todo o espaço fosse desinfetado e assim pudesse continuar a ser usados nas próximas celebrações.

O padre João Torres dá conta de uma reação “muito positiva” por parte de todos.

Reagiram muito bem. A ideia de regressar à igreja encantava-os mais, claro, mas sabem que durante a semana a igreja vai estar aberta; não podem ir todos, mas podem visitar o Santíssimo Sacramento e falar de alegrias e tristezas”.

O pároco reconhece que a Igreja tem mostrado a responsabilidade em atuar bem.

“A Igreja está a dar o mote às pessoas que a pandemia não passou e é preciso ter preocupação com a higienização, distanciamento social. Estamos a prestar um serviço ao país. As pessoas perceberam que não passou e é preciso continuar a respeitar as regras e isso, infelizmente, não se vê em todos os lados. Ali as regras cumprem-se”, sublinha.

Para a celebração da Eucaristia acontecer é obrigatória a máscara,  que o padre João Torres também quis usar, para estar em consonância com os seus paroquianos.

“Também celebrei de máscara. Na altura disse às pessoas para levar a máscara. Se todos vão estar de máscara, entendo que é também importante eu usar para perceber o que as pessoas estão a passar”, conta, reconhecendo não ser fácil.

O entrevistado, que não gostava de celebrar a Eucaristia via Internet, afirma que sentir o estado de alma das pessoas é fundamental, mesmo não vendo todo o rosto por uma parte estar oculta.

“Nós existimos para as pessoas. Imagino o que era estar a fazer uma refeição e as pessoas estarem a ver-me comer mas sem saborear. A celebração da missa é uma grande refeição, onde comungamos do mesmo. Estamos juntos. Mesmo que não se digam muitas palavras, sentimos que estamos juntos”, conclui.

LS

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