Poucas dioceses têm neste momento serviços e iniciativas à medida de cidadãos com necessidades especiais
Lisboa, 19 abr 2013 (Ecclesia) – O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD), organismo católico coordenado pela Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, vai realizar este sábado uma jornada de sensibilização na Arquidiocese de Braga.
Em declarações prestadas à Agência ECCLESIA, Alice Cabral, uma das promotoras do evento, explica que este tem como objetivos “ajudar as pessoas diretamente afetadas pela deficiência a refletirem como é que a Igreja as acolhe” e fomentar dentro das estruturas eclesiais soluções que permitam “ir ao encontro de cidadãos que têm muito para dar a toda a sociedade”.
“Há inúmeros problemas no reconhecimento das pessoas portadoras de deficiência e a primeira conferência será precisamente sobre esse aspeto e a necessidade de dar atenção a grupos específicos como estes”, adianta.
Com início marcado para as 09h00, no anfiteatro São Tomás de Aquino, da Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Braga, esta é a segunda jornada que o SPPD dedica a esta temática.
A primeira decorreu em Lisboa e o projeto pretende chegar a todas as dioceses do país, para “refletir sobre o lugar que as pessoas com deficiência têm na Igreja” e dar-lhes a oportunidade de partilharem as suas experiências”.
De acordo com Alice Cabral, é fundamental que as instâncias religiosas aprendam a acolher os deficientes visuais, auditivos, motores ou cognitivos como “cidadãos de parte inteira” e não apenas como grupos “carentes de assistencialismo”.
“É preciso um trabalho grande nessa área e fundamentalmente ter a preocupação de chegar às pessoas, especialmente àqueles que São Paulo definiu como corpo da Igreja, os mais frágeis”, salienta.
Atualmente, segundo os dados do SPPD, são poucas as paróquias que têm celebrações em linguagem gestual ou sacerdotes com conhecimentos nesta área.
Ao nível da produção de informação e de textos relacionados com a atividade religiosa e espiritual, também são raros os conteúdos especificamente direcionados para fiéis com necessidades especiais.
No campo da catequese, o SPPD “está a desenvolver contactos para constituir um serviço que dê orientações pedagógicas aos catequistas que lidam mais de perto com crianças portadoras de deficiência”, revela Alice Cabral.
O organismo criado pela Conferência Episcopal Portuguesa em 2010 está também a apostar na identificação e potenciação de “boas práticas” que se encontram “dispersas pelo país”.
“Existem várias associações de surdos que têm feito um esforço muito grande para afirmarem a língua gestual portuguesa como uma das línguas fundamentais do ensino”, exemplifica a responsável do SPPD.
A Jornada da Pastoral da Deficiência em Braga vai contar com oradores ligados a diversas vertentes da Igreja Católica, como o sacerdote Luís Miguel Rodrigues, professor da UCP, e Isabel Costa, do Departamento para os Bens Patrimoniais da Arquidiocese de Braga.
No programa do evento, que será completamente traduzido em linguagem gestual, está também prevista uma intervenção do advogado Telmo Fernandes, o primeiro surdo a licenciar-se em Direito em Portugal, que partilhará o seu testemunho de vida.
JCP