Celebração do 24 de junho vai além das festividades da vigília, levando cidade para a rua
Braga, 23 jun 2024 (Ecclesia) – Rui Ferreira, estudioso da festa de São João de Braga, afirmou que esta é a principal celebração comunitária da cidade, um momento central da “vida coletiva”, que se prolonga por todo o dia 24 de junho.
“O São João é o momento da vida coletiva bracarense, é o momento em que a autenticidade de Braga se eleva particularmente, portanto, temos no programa das festas diversos momentos em que o movimento associativo é chamado a ter palco, portanto, é o grande palco do movimento associativo de Braga”, refere, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O bracarólogo (estudioso de Braga), com tese de mestrado sobre a celebração de São João, fala numa “festa tipicamente minhota”, com sentido de romaria, onde as pessoas cumprem a sua promessa, junto ao santo e à capela”, recordando que a “festa de São João de Braga não é só uma noite” e inclui o cortejo sanjoanino, como momento de destaque.
O entrevistado refere ainda a “ancestralidade” desta celebração coletiva.
“A tradição da vigília São João ainda é muito antiga, é anterior ao próprio cristianismo, as vigílias associadas às festas do sol, solstício de verão, que ainda se fazem nalguns lugares da Europa”, observou.
Em Braga, o dia 24 de junho une folclore, religiosidade e festa popular, com um grande núcleo celebrativo na capela de São João da Ponte, “o epicentro da festa”.
“A capela é o lugar que as pessoas procuram para fazer a sua promessa”, indica Rui Ferreira, sobre o “santo mais popular de Braga”.
Este dia celebra os “símbolos identitários” da cidade, que incluem um hino próprio ao São João de Braga, do século XIX.
O especialista sublinha o facto de esta ser uma “festa democrática”, onde “está toda a gente com toda a gente”.
“Tem sido um sucesso, é uma forma de movimentar o movimento associativo e, acima de tudo, de levar as pessoas a ter consciência das suas tradições, porque nas cascatas estão gravadas as tradições do São João de Braga”, indica.
Rui Ferreira realça também a “espontaneidade” das rusgas, como marca desta celebração.
“Os grupos são livres para se exibirem da forma que acharem mais interessante, mais oportuna para eles e, portanto, a espontaneidade dos grupos é intocável”; precisa.
O entrevistado afirma que a dimensão religiosa “não é descurada”, mas admite que é preciso um cuidado permanente para “valorizar a tradição”.
“Quem vier a Braga, ao São João, vai ter noção de que é uma festa popular verdadeira, porque é uma grande festa minhota”, conclui.
A entrevista a Rui Ferreira integra a emissão deste domingo do Programa ‘70×7’, na RTP2, dedicado à festa de São João.
LS/OC