D. Jorge Ortiga revela que objetivo é «reentrada harmoniosa» na sociedade
Braga, 28 dez 2015 (Ecclesia) – O bispo de Braga anunciou este Natal a criação da ‘Casa Esperança’, resposta social destinada à reinserção dos ex-reclusos dos estabelecimentos prisionais de Braga e Guimarães, apoiando a “transição” para uma “reentrada harmoniosa” na sociedade.
“Temos uma cadeia em Braga e outra em Guimarães. Estão bem muradas mas teremos de ir para além dos muros e repensar o que poderemos fazer pelos reclusos, quase todos relativamente jovens. Se muitos tivessem um acolhimento e atendimento por parte das comunidades talvez não estivessem lá”, assinalou D. Jorge Ortiga.
O arcebispo de Braga, que tem visitado os dois estabelecimentos prisionais, contextualiza o jornal ‘Diário do Minho’, comentou que alguns dos reclusos se encontram “verdadeiramente descartados da sociedade e da família”.
“No caso dos ex-reclusos, verifica-se que muitos perdem a capacidade de viver autonomamente devido a uma longa experiência prisional. Outros nunca estiveram plenamente inseridos na sociedade, pela natureza dos seus percursos desviantes”, desenvolveu.
Segundo D. Jorge Ortiga, sair de um ambiente “totalmente controlado” para um ambiente onde há “poucas ou nenhumas restrições”, e uma grande variedade de tentações, “é muitas vezes motivo para que muitos ex-reclusos regressem ao crime”.
Por isso, a ‘Casa da Esperança’ é um local de transição para “facilitar” a passagem da vida institucional para a vida em comunidade num processo o “mais harmonioso possível”.
“Fornecendo um ambiente mais ou menos supervisionado, mais ou menos estruturado no qual os residentes possam gradualmente recuperar ou alcançar uma vida com relativa autonomia”, acrescentou o arcebispo de Braga.
Neste contexto, o também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana adiantou a futura resposta social da Igreja “mais do que uma resposta puramente residencial” vai procurar proporcionar um ambiente “privilegiado”.
Os ex-reclusos dos estabelecimentos prisionais de Braga e Guimarães, segundo o prelado, vão desenvolver ou adquirir “estilos de vida normativos, de competências básicas, pessoais e sociais” no desenvolvimento de uma “autonomia progressiva dos seus beneficiários”.
Em pleno Jubileu da Misericórdia [dezembro 2015-novembro 2016], o prelado recordou que o Papa Francisco pediu que este Ano Santo seja marcado com sinais que “testemunhem o amor misericordioso como apelo à conversão”.
Para D. Jorge Ortiga, os cidadãos, em geral, e os cristãos em particular devem sentir-se “especialmente” convidados a olhar para as “situações humanas” a que, normalmente, dão “pouca atenção”, pensando até que “os outros as devem resolver”.
“Que o Natal nos coloque em movimento para que a verdadeira religião nos comprometa com os homens e os seus destinos. Identifiquemo-nos com os problemas e ‘esmaguemos’ as dores humanas fazendo com que se atenuem porque vivenciadas em verdadeira unidade fraterna que não se alheia, mas que arrisca soluções e caminhos novos para a sociedade”, desenvolveu o arcebispo de Braga na homilia do dia 25 de dezembro.
CB/OC