Braga: Diocese agradece a D. Eurico Dias Nogueira

Arcebispo emérito ofereceu soma em dinheiro a rondar 150 mil euros e objetos pessoais

Braga, 07 mar 2012 (Ecclesia) – A Arquidiocese de Braga inaugurou esta terça-feira uma mostra dedicada à vida do arcebispo emérito D. Eurico Dias Nogueira, que completou 89 anos, na qual é possível encontrar vários objetos pessoais doados pelo próprio.

“Sinto-me bem por ter doado estes objetos e um dinheiro – mais ou menos 150 mil euros provenientes da economia de uma pensão estatal por ter sido professor – a instituições da diocese”, referiu o prelado, na inauguração da exposição ‘D. Eurico: memória e gratidão’, a decorrer no Museu do Tesouro da Sé de Braga até ao dia 8 de abril.

Durante a cerimónia, o atual arcebispo bracarense, D. Jorge Ortiga, disse que o seu antecessor, continua a ser um exemplo de vida, destacando a importância de “reconhecer publicamente” a doação de objetos e bens pessoais.

“A Igreja necessita de pessoas que a amem. As suas instituições marcaram e cresceram através da generosidade de muitos. Importa mostrar que a doação não está fora de moda”, referiu, no discurso que proferiu durante a sessão de homenagem.

O arcebispo disse que gostaria que o gesto de D. Eurico Nogueira “tivesse um efeito multiplicador em boas obras, de modo a acreditar que a Igreja pode continuar a onda da caridade, em diversas vertentes, quando lhe são proporcionadas condições”.

 “Um gesto? Muito mais. Ousadamente, interpreto-o como um estímulo para que muitos o vejam, não pensando minimamente em critérios de ostentação ou de procura de recompensa, mas para que se sintam também envolvidos a oferecer boas obras”, acentuou.

D. Eurico Nogueira agradeceu a oportunidade como um “momento para rever alguns amigos” e para “dar graças a Deus por uma vida prolongada para mais do que devia ser”.

O arcebispo emérito aproveitou para contar a história do anel que mais usou como bispo e que doou, a par com outros objetos, ao Cabido de Braga.

Trata-se do anel episcopal com a imagem de Nossa Senhora em marfim em relevo, que pertenceu ao último ‘cardeal da Coroa’ – um privilégio do Reino de Portugal em que o Papa criava um cardeal indicado pela coroa –, D. Américo Ferreira da Silva, bispo do Porto no final do século XIX.

“O cardeal decidiu doar esse anel ao cónego Gaspar, que não o usava. Com os irmãos, decidiram entregar o anel a uma irmã que era religiosa e que foi minha sacristã em Coimbra. Um dia apareceu-me com o anel e disse que ela e os seus irmãos tinham decidido dar-me o anel, já que tinha sido nomeado cónego”, relatou o prelado, citado pela edição de hoje do ‘Diário do Minho’.

“Perante a minha relutância em aceitar a oferta ela disse- me: ‘Se não quiser usá-lo como cónego, use-o um dia como bispo’. E assim foi. Foi o anel que mais usei como bispo e que, agora, legitimamente doei ao Cabido da Sé de Braga”, acrescentou.

D. Eurico Dias Nogueira nasceu em Dornelas do Zêzere, Diocese de Coimbra, na qual foi ordenado padre e bispo, após ter sido nomeado para a diocese moçambicana de Vila Cabral, em 1964, o que lhe permitiu participar no Concílio Vaticano II.

Oito anos depois, D. Eurico Dias Nogueira seria transferido para a Diocese de Sá da Bandeira, em Angola, voltando a Portugal em 1977, sendo nomeado arcebispo primaz de Braga, cargo que ocupou até 1999.

DM/OC

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Agência ECCLESIA

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