Braga: «Défice de sinodalidade» na Igreja corresponde a «défice de fraternidade» – padre Sérgio Leal

Sacerdote do Porto desafiou Arquidiocese de Braga, na II Assembleia Sinodal, a construir Igreja com experiência dos jovens na JMJ Lisboa 2023

Foto: Arquidiocese de Braga

Braga, 16 set 2023 (Ecclesia) – O padre Sérgio Leal disse hoje que o “défice de sinodalidade” na Igreja corresponde a um “défice de fraternidade” na sociedade.

“O défice de sinodalidade que assistimos na Igreja corresponde ao défice de fraternidade. O imperioso desafio para a construção de uma Igreja sinodal é a construção de uma Igreja fraterna”, sublinhou à Agência ECCLESIA o sacerdote da Diocese do Porto.

A Arquidiocese de Braga promoveu este sábado a sua II Assembleia Sinodal, no Auditório do Espaço Vita, uma iniciativa de participação livre quis definir “caminhos prioritários” para as comunidades católicas, definidos em conjunto.

O padre Sérgio Leal foi convidado a refletir com os participantes sobre o tema ‘Fazer Sinodalidade’.

Só somos capazes de alinhar o passo, caminhar juntos, compreender as fragilidades do outro, quando formos capazes de olhar para o outro como um irmão. Isso há-de permitir que eu seja capaz de compreender as suas fragilidades, que eu seja capaz de caminhar na verdade do que sou, olhar para o que ele é e não para aquilo que ele não faz bem. Neste caminho fraterno, eu construo a Igreja e isso significa caminhar em sínodo, numa sinodalidade que não é apenas um evento, mas que é um modo de ser e viver, que traduz a identidade da Igreja”.

Esta construção de fraternidade, dará, “rosto novo” à Igreja, porque será “permanentemente chamada renovar-se”.

“Gosto da palavra ‘novo’ e parece que irrompe uma coisa que nunca existiu antes. A novidade a que somos chamados é a novidade do Evangelho que tem dois mil anos, chamado a ser novidade a cada tempo. Esta Igreja tem de ser nova no encontro destas duas novidades: do evangelho e dos tempos em que vivemos”, convida.

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

O padre Sérgio Leal, autor do livro ‘O caminho sinodal com o Papa Francisco’, e especialista em sinodalidade, recorda a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que Lisboa acolheu em agosto, e afirma ser missão da Igreja “acompanhar a experiência dos jovens”

“Cabe à Igreja no seu todo, às comunidades paróquias, às dioceses, que a experiência da JMJ não seja um evento isolado. É necessário transformar aquela experiência forte, num encontro com Cristo e numa construção sinodal, de beleza de viver em comunidade”, traduziu.

A primeira edição internacional da JMJ em território português decorreu de 1 a 6 de agosto, em Lisboa, com mais de 1,5 milhões de participantes nas celebrações conclusivas, presididas pelo Papa Francisco no Parque Tejo.

“Os jovens que diariamente andam de telemóvel na mão, naqueles dias pegavam no telemóvel para fotografar o Papa; conviveram uns com os outros, cantaram e rezaram. Percebemos como aquele evento foi capaz de transformar a vida dos jovens. Não pode transformar apenas naqueles dias, tem de ser transformar no quotidiano e na pertença à Igreja”, lembrou.

Por isso, o padre Sérgio Leal considera que esta experiência pode renovar as comunidades e a pertença à Igreja.

O sacerdote reconhece que falar sobre sinodalidade “é mais fácil” do que vivê-la, mas a sua prática vem da importância de caminhar em conjunto.

“A conversão pastoral a que a Igreja é chamada começa com a conversão pessoal a que cada um é chamado. Implica um voltar o coração para Deus, para que seja mais voltado para os irmãos. Essa permanente conversão pastoral tem a dimensão de uma conversão que nos torna mais fiéis a Deus, que nos convoca à missão, e de uma conversão que nos torna mais atentos às necessidades e anseios dos homens e mulheres com quem somos chamados a caminhar”, elucida.

Acertar o ritmo no caminhar juntos “será permanente”, esclarece: “Se formos sozinhos, caminhamos ao ritmo que queremos; se for em conjunto há um necessário acertar o passo. Caminhar juntos implica respeitar o ritmo de todos. Este caminhar juntos não é o caminhar de uma massa sociológica, porque não depende das forças humanas, mas será aberto ao Espírito Santo, no horizonte da entrega e disponibilidade”, finaliza.

LFS/LS

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