Braga: D. Nélio Pita assume prioridade no «compromisso com a vida»

Novo bispo auxiliar denuncia vítimas das guerras, deixando apelos à unidade e ao caminho conjunto

Braga, 27 jul 2025 (Ecclesia) – D. Nélio Pita, novo bispo auxiliar de Braga, disse hoje no final da sua ordenação episcopal que o “compromisso com a vida” vai ser uma prioridade, denunciando as vítimas das guerras em curso.

“Reconhecemos que a vida é um dom precioso, mas é também frágil como a mais pequena das flores. Reconhecemos que a defesa e a promoção da vida, sobretudo a dos mais vulneráveis, faz parte do património da Igreja, condensado na doutrina social, assumido e vivido por tantos santos e santas, conhecidos e anónimos”, referiu o responsável, dirigindo-se aos participantes na Eucaristia que se celebrou na Catedral bracarense.

O bispo auxiliar assumiu como “motivo de grande preocupação” as notícias das guerras como as que “ceifam vidas inocentes, na Ucrânia e em Gaza”.

“A guerra é uma ferida no coração de Deus. De novo, assistimos à banalização do mal num cenário impensável, mas que revela a propensão do Homem para a autodestruição quando exclui Deus como referente existencial. Onde está a vida sem Deus?”, questionou.

D. Nélio Pita, religioso vicentino de 51 anos de idade, foi nomeado auxiliar de Braga pelo Papa Leão XIV, a 6 de junho.

Na sua intervenção, o responsável apontou ao “compromisso da unidade” e da “sinodalidade”.

“Avancemos juntos. Não excluamos aqueles que têm mais dificuldades em acompanhar o ritmo, aqueles, inclusive, cujo olhar se fixa em outra direção e aqueles cujos comentários dissonantes são um incómodo, tantas vezes necessário para a transformação da maioria. Rezemos e caminhemos juntos. A sinodalidade faz parte da nossa identidade”, sustentou.

O novo bispo português agradeceu a D. José Cordeiro, arcebispo de Braga, que presidiu à Missa desta tarde, e a D. Delfim Gomes, bispo auxiliar, bem como a vários responsáveis diocesanos.

D. Nélio Pita dirigiu-se ainda a D. Augusto César, religioso vicentino, que apresentou como “uma referência exemplar no exercício do ministério ordenado”, e D. Nuno Brás, bispo do Funchal, sua diocese natal, bem como o patriarca emérito de Lisboa, D. Manuel Clemente, e vários representantes dos Vicentinos.

O responsável deixou uma palavra particular para os familiares: “Os meus pais e os meus irmãos e irmãs foram e continuam a ser os mestres que me transmitem as lições mais importantes”.

“Saúdo ainda os que vieram de Lisboa, em especial os membros da comunidade paroquial de S. Tomás de Aquino e o seu pároco, o padre Álvaro Cunha. Convosco aprendi a ser padre. Ao longo de 12 anos, permaneci ao vosso lado, nas alegrias e nas tristezas, como pai, como irmão ou, simplesmente, como um vizinho”, acrescentou.

A cerimónia contou com a presença de vários bispos e sacerdotes, autoridades civis, judiciárias e académicas.

O novo bispo escolheu como lema uma passagem do Evangelho de São João, “para que tenham vida”, representado nas suas três insígnias, da autoria do escultor Manuel Rosa: em grego, no anel; em latim, na cruz; em português, no báculo.

“Mais do que uma força moralizante ou uma superestrutura que condiciona a liberdade do ser humano, o Evangelho de Jesus Cristo é como um mapa através do qual cada ser humano pode encontrar sentido e determinação para prosseguir a aventura da existência humana”, declarou.

D. Nélio Pereira Pita era, desde 2022, assistente geral da Congregação da Missão (Vicentinos), da qual tinha sido superior provincial em Portugal.

OC

O novo bispo português nasceu a 11 de outubro de 1973, no Estreito de Câmara de Lobos, ilha da Madeira; a 15 de setembro de 1994, entrou para a Província Portuguesa da Congregação da Missão e emitiu os votos perpétuos no dia 25 de março de 1999, tendo sido ordenado sacerdote a 29 de julho de 2000, na Sé do Funchal.

D. Nélio Pita tem Licenciatura em Teologia, na Universidade Católica Portuguesa, sede de Lisboa, antes de se formar em Teologia Espiritual na Universidad Pontificia Comillas, em Madrid (2003), e de fazer o mestrado em Psicologia Clínica no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa (2010).

O responsável católico frequentou o Curso de Especialização em Psicoterapia Psicodinâmica na Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica, em Lisboa (2014-2018) e é membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses e Membro da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica.

Enquanto religioso vicentino, o novo auxiliar da Arquidiocese de Braga foi diretor do Seminário Maior da Província Portuguesa da Congregação da Missão (2003-2008) e pároco da Paróquia de São Tomás de Aquino, em Lisboa (2008-2020), tendo integrado o Comité de Ética para a Investigação Clínica (2014-2017; 2020-2023) e o Secretariado Internacional de Estudos Vicentinos (2014-2020), um órgão internacional da Congregação da Missão que se dedica ao desenvolvimento de estudos no âmbito do “riquíssimo património” da espiritualidade vicentina, “com o propósito de aprofundar o carisma do fundador, São Vicente de Paulo”.

Em 2020, foi eleito superior provincial da Congregação da Missão em Portugal.

Braga, como diocese, data do século III, e é uma das três arquidioceses metropolitas de Portugal (Braga, Évora e Lisboa); possui um rito litúrgico próprio (bracarense) e o arcebispo de Braga usa o título de ‘Primaz das Espanhas’.

O atual território diocesano tem 2857 quilómetros quadrados, cujos limites não coincidem com os limites civis do Distrito de Braga.

A Arquidiocese de Braga é constituída por 551 paróquias que servem aproximadamente 850 mil habitantes, assumindo ainda a Paróquia de Santa Cecília de Ocua, em Moçambique.

D. José Cordeiro tomou posse a 12 de fevereiro de 2022, sucedendo a D. Jorge Ortiga, após ter sido nomeado pelo Papa a 3 de dezembro de 2021; era bispo da Diocese de Bragança-Miranda desde 2011.

A arquidiocese minhota conta ainda, desde 2022, com D. Delfim Gomes como bispo auxiliar.

 

 

https://agencia.ecclesia.pt/portal/braga-d-jose-cordeiro-desafia-novo-auxiliar-a-contrariar-logica-de-poder/

 

 

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