Celebração da Missa Crismal na Sé convidou padres a renovar as promessas da ordenação sacerdotal, entusiasmados por levar a esperança a novos areópagos da vida pastoral

Braga, 17 abr 2025 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga convidou hoje os padres reunidos na Missa Crismal a serem “presbíteros originais, não presbíteros que sejam fotocópias”.
“O jovem Carlo Acutis, que será canonizado na próxima semana, deixava-nos esta curiosa metáfora citada na exortação apostólica pós-sinodal Christus vivit, 106: «todos nascem como originais, mas muitos morrem como fotocópias» e acrescenta o Papa Francisco: «não permitas que isso te aconteça». Na mesma lógica poderíamos reformular: Deus deseja presbíteros originais, não presbíteros que sejam fotocópias”, explicou, na Sé de Braga, D. José Cordeiro.
“A nossa ‘originalidade’ consiste em deixar que Deus molde a nossa vida, de modo que, como descreve a espiritualidade paulina: «já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim». Sem a esperança, a qual nos direciona para o autêntico horizonte da nossa estrada, que é Cristo facilmente perdemos a fonte da nossa originalidade, porque passamos a ser ‘fotocópias’ daquilo que o mundo quer, em vez de sermos aquilo que Deus quer”, acrescentou.

O responsável desafiou os padres, que se juntaram na celebração para renovar as promessas da ordenação sacerdotal, «ver as coisas de um novo modo».
“Um presbítero precisa de alimentar a sua esperança. Só uma esperança sólida faz uma fé e uma caridade sólidas, e vice-versa. A esperança cristã não consiste em ‘ver coisas novas’, mas ‘ver as coisas de um modo novo’. É esta sabedoria existencial que somos chamados a viver e a anunciar”, convidou.
D. José Cordeiro lamentou que a esperança seja a “virtude teologal mais esquecida”.
“Infelizmente, a esperança sempre foi o ‘parente pobre’ das três virtudes teologais, pois a tradição da Igreja sempre se focou mais na fé e na caridade, ‘esquecendo-se’ em certa medida da virtude da esperança. Daqui surgiu também um certo ‘prejuízo na vida presbiteral’: sobrevalorizou-se a identidade do presbítero enquanto figura de fé e de caridade, ou seja, do presbítero como mestre em doutrina e do presbítero hábil nas obras de misericórdia, e quase se ignorou a sua identidade enquanto ‘figura de esperança’”, deu conta.
O arcebispo de Braga apresentou a esperança como “o movimento individual do humano em direção a Deus” e indicou que “ser peregrino de esperança não é outra coisa senão o caminhar em direção a Deus e com Deus”.

Lamentando que a “atual crise de fé” derive de uma “crise de esperança”, D. José Cordeiro convidou a renovar a “ação pastoral contemporânea”
“Na nossa ação pastoral, vários são os areópagos e momentos em que somos chamados diariamente a valorizar esta. Recordo apenas alguns: sempre que visitamos um doente no hospital, passamos num velório para confortar a família enlutada, preparamos com ardor a homilia de um funeral (bem como, todas as outras homilias), rezamos a Palavra de Deus e as orações da piedade popular com elementos de esperança, acolhemos com alegria e mestria aqueles que somente vêm “pedir papéis” ao cartório paroquial, celebramos com arte e beleza a liturgia da Igreja, realizamos com frequência o precioso sacramento da santa unção, acompanhamos os pobres e os excluídos com gestos de amor, sentamo-nos sem medo e sem pressa num confessionário para escutar as biografias feridas… no fundo, estamos a ser um farol de esperança para tanta gente desesperada, mesmo sem nos darmos conta disso”, elencou.
D. José Cordeiro agradeceu ainda aos padres serem “um profícuo testemunho de esperança para o Povo de Deus”.
LS