Braga: D. José Cordeiro pede «inteligência espiritual» para humanizar a «inteligência artificial»

Arcebispo primaz alertou, na Missa da Noite de Natal, para a tentação tecnológica de «superar a morte»

Foto: Arquidiocese de Braga

Braga, 25 dez 2025 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga defendeu a necessidade de “humanizar” a inteligência artificial, alertando para a ilusão de querer ultrapassar os limites da condição humana através da tecnologia.

“Num tempo em que através do recurso a novas tecnologias como a inteligência artificial, tantas pessoas querem superar os limites inerentes à condição humana, inclusive superar a morte, somos chamados, enquanto cristãos, a proclamar o nascimento do Verbo de Deus em carne humana”, afirmou D. José Cordeiro, na homilia da Noite de Natal.

Na Catedral bracarense, o arcebispo primaz centrou a sua reflexão no desafio de manter a autenticidade das relações humanas num mundo cada vez mais digital.

“É na relação tu a tu, olhos nos olhos, que a humanidade pode realizar o desígnio para o qual foi criada: a santidade, a fraternidade e a verdade da vida em Deus e com Deus “, sustentou.

Para o responsável católico, a vida humana, mesmo com as suas fragilidades, não precisa de ser ultrapassada, pois “faz parte de uma vida maior”.

“Não precisamos de superar esta vida, porque mesmo nas circunstâncias mais difíceis, esta vida é vida abençoada”, referiu.

Evocando o cenário do nascimento de Jesus, D. José Cordeiro contrastou a lógica divina com a lógica do poder humano, destacando o sinal da manjedoura.

“É sinal deste Deus que vem ao encontro da humanidade para lhe oferecer a salvação; um Deus que vem sem se impor, e muito menos sem recorrer à força das armas, do dinheiro ou da astúcia”, apontou.

O arcebispo de Braga realçou que Deus escolheu a “fragilidade da carne humana” e não um modo “espetacular” para se revelar, sujeitando-se “à alegria e à tristeza; à dor e ao sofrimento”.

“Há um contrassenso em imaginar que uma figura de poder coincida com um recém-nascido, ainda por cima um que nem uma casa conseguiu arranjar para nascer”, observou, lembrando que os primeiros destinatários da mensagem, os pastores, não pertenciam à “elite da sociedade judaica”.

A concluir a homilia, D. José Cordeiro traçou um “mapa do caminho”, para os cristãos, onde cada “gesto de amor é decisivo”.

O arcebispo de Braga apelou a uma ação concreta que passa por “humanizar a “inteligência artificial” com uma inteligência espiritual, social e ecológica” e pela “proximidade com os pobres, os doentes, os presos, os migrantes, os idosos”.

“O mapa do caminho indica: arder para iluminar o mundo; educar para a paz”, concluiu.

A celebração do Natal, que no Cristianismo assinala o nascimento de Jesus, iniciou-se um pouco por todo o mundo na noite anterior ao dia 25 de dezembro, seguindo uma tradição que remonta aos primórdios da Igreja de Roma.

OC

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