Braga: D. José Cordeiro desafia novo auxiliar a contrariar «lógica de poder»

Arcebispo primaz preside à ordenação episcopal de D. Nélio Pita

Braga, 27 jul 2025 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga presidiu hoje à ordenação episcopal de D. Nélio Pita, novo bispo auxiliar, convidando-o a contrariar a “lógica do poder”, no seu serviço.

“É necessário sair fora da lógica do poder deste mundo. Nunca transformar a autoridade em poder ou autorreferencialidade. A verdadeira autoridade na Igreja é amar, escutar, servir e acolher a todos”, disse D. José Cordeiro, na homilia da celebração.

D. Nélio Pereira Pita, natural da Madeira, era desde 2022 assistente geral da Congregação da Missão (Vicentinos), da qual tinha sido superior provincial em Portugal.

“Caríssimo D. Nélio, estás a comemorar o jubileu sacerdotal neste Ano Santo e, ao aceitares ser bispo, és demandado ao essencial, ao coração do coração do Evangelho – Jesus Cristo. Pede a graça da confiança total. Ama a Igreja. Escuta e exercita a humildade com gestos de Cristo para os outros”, apelou D. José Cordeiro.

O arcebispo de Braga destacou a importância da oração, particularmente numa sociedade em que “rezar parece ser uma perda de tempo”.

“Dizer oração é, antes de mais, pronunciar o Pai-nosso, a oração dominical, porque vem do Senhor Jesus, mestre e modelo da oração”, indicou.

D. José Cordeiro evocou São Bartolomeu dos Mártires, arcebispo primaz no século XVI, sobre o perfil dos bispos.

“Todos os gestos do bispo têm de ser gestos de bênção e de unção espiritual”, observou.

O ministério do bispo é um serviço na comunidade, com a comunidade e para a comunidade. Na verdade, quem não arde não incendeia. Quem não arde não ilumina.”

A homilia apontou a dimensão da proximidade e da fidelidade ao Evangelho como elementos centrais no ministério episcopal.

“A Igreja tem de exercitar ainda mais a sua função de mãe amável e atenta no acompanhamento de todas as pessoas, para que seja capaz de oferecer motivos de esperança. Tal esperança não é apenas um sentimento ou um ideal, mas um estilo de vida”, indicou D. José Cordeiro.

O presidente da celebração convidou o novo bispo português a viver a sua missão “com proximidade paterna, fraterna, pastoral, espiritual e amiga”, em particular junto das “famílias, os jovens (em jubileu) e os mais velhos, os doentes, os migrantes, os reclusos, os refugiados e quem mais precisa da compaixão, ternura e misericórdia”.

O arcebispo primaz aludiu ao processo sinodal que está a ser implementado, nas comunidades católicas, como “caminho de escuta para a comunhão, participação e missão na vida eclesial”.

“A proximidade e a corresponsabilidade diferenciada na reciprocidade e na circularidade dinâmica entre os pastores e, entre os fiéis e os pastores, requer a inteireza, a liberdade, a coragem e a confiança. Juntos, sirvamos a esperança”, concluiu.

Antes da homilia decorreu a apresentação do eleito, com a leitura do mandato apostólico.

A liturgia da ordenação inclui a imposição das mãos e a unção da cabeça dos eleitos, a entrega do livro dos Evangelhos e das insígnias episcopais – o anel, a mitra e o báculo.

OC

Sociedade: «Hoje há um mundo que fabrica pobres» – D. Nélio Pita

O novo bispo português nasceu a 11 de outubro de 1973, no Estreito de Câmara de Lobos, ilha da Madeira; a 15 de setembro de 1994, entrou para a Província Portuguesa da Congregação da Missão e emitiu os votos perpétuos no dia 25 de março de 1999, tendo sido ordenado sacerdote a 29 de julho de 2000, na Sé do Funchal.

D. Nélio Pita tem Licenciatura em Teologia, na Universidade Católica Portuguesa, sede de Lisboa, antes de se formar em Teologia Espiritual na Universidad Pontificia Comillas, em Madrid (2003), e de fazer o mestrado em Psicologia Clínica no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa (2010).

Partilhar:
Scroll to Top