Nos 200 anos do templo do Bom Jesus, arcebispo pede «mecenas» para manter um local que considera como um «livro aberto»
Braga, 20 out 2011 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga pediu hoje “mecenas” que se empenhem na conservação de locais como o Santuário do Bom Jesus, na cidade minhota, para que as populações possam usufruir destes “espaços maravilhosos”.
“Ninguém ignora como é reduzida, mesmo com a generosidade de muitos fiéis, a identificação de mecenas para estas causas. No caso concreto, importa criar condições para que sejam muitos a amar o Bom Jesus e tantos outros espaços sagrados, de modo que continue a ser o que sempre foi”, disse o prelado, na abertura do I congresso luso-brasileiro do barroco, que decorre até sábado.
Para o prelado, o programa elaborado “será enriquecedor para compreender um fenómeno artístico de importância única”.
A iniciativa é da Confraria de Bom Jesus do Monte (Braga), que pretende assim assinalar os 200 anos da conclusão arquitetónica do templo.
O atual templo que remata o escadório, com as Capelas e Passos da Paixão, foi concluído em setembro em 1811, substituindo um antigo templo barroco que vinha do tempo de D. Rodrigo de Moura Teles (1704-1728).
O Bom Jesus viria a transformar-se num destino de romagens, no Minho e também no resto do país.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o arcebispo de Braga apresenta este espaço como um “livro aberto sobre a paixão” e “sobre os desafios que a morte de Cristo lança hoje à Igreja”.
Segundo D. Jorge Ortiga, uma visita àquele santuário, “uma autêntica sinfonia do barroco”, transmite “paz de espírito” aos visitantes.
Apesar de reconhecer que se vivem “tempos de austeridade”, o prelado bracarense aconselha as pessoas a promover estas visitas: “A própria saúde ganhava mais em caminhar ao ar livre do que emparedar-se no meio de ruídos, prateleiras e centros comerciais”.
Uma ida ao Santuário feita “com calma e serenamente” com um “livro nas mãos” é “uma maneira de passar um domingo descansado” e “não gastar dinheiro em coisas supérfluas e desnecessárias”, prossegue.
Para o arcebispo de Braga, o Bom Jesus “não é uma amálgama de peças” porque “há ali uma ideia subjacente que mostra a fé” e fala na necessidade de “evangelizar também a partir do património”.
Se a Igreja se empenha na preservação e no cuidado do património material também presta um “cuidado muito particular ao património imaterial”.
Em Braga, procura-se “preservar determinadas tradições limpando-as de alguns aspetos ligados à aliança com o paganismo”, realça D. Jorge Ortiga.
Como a tradição dá uma “sabedoria”, o arcebispo de Braga acrescenta que naquele território minhoto “há uma carga muito grande de tradições a conservar, mas também de uma fé que se manifestou através destes modos”.
A forma de rezar das pessoas simples – “muitas vezes durante o trabalho quotidiano” – também tem merecido alguma atenção da diocese de Braga, para além do cuidado com o património material.
Ali nasceu a cooperativa da TUREL (Turismo Religioso) que “não quer que este signifique apenas um apresentar de pedras ou de peças com maior ou menor carga de arte, mas que diga mais alguma coisa”, frisou o arcebispo local.
O trabalho com os guias e a sua preparação é fundamental, pelo que “no centro regional da Universidade Católica de Braga vai nascer um curso sobre o turismo religioso”, concluiu D. Jorge Ortiga.
LFS/OC