Braga: Comissão Justiça e Paz alerta para os números da sinistralidade rodoviária

Organismo católico apresenta também «as estradas como lugares de virtude»

Foto: Município de Viseu

Braga, 19 jul 2025 (Ecclesia) – A Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga afirma que ‘as estradas não têm de ser campos de batalha’ e “exorta” a que cada pessoa “cumpra a sua parte”, porque são precisas “estradas seguras, sem vítimas”.

“As notícias sobre acidentes de viação com vítimas mortais ocorridos nas estradas nacionais – e, particularmente, nas da nossa arquidiocese – têm sido excessivamente frequentes. A quantidade de mortos em consequência de acidentes de motas bastaria, por si só, para impressionar”, escreve o organismo da Igreja Católica em Braga, este sábado, dia 19 de julho, numa nota enviada à Agência ECCLESIA.

A Comissão Justiça e Paz de Braga exemplifica que se registaram “mais de quatro mil acidentes com motos, que causaram a morte de 67 pessoas e feriram gravemente 333”, na área tutelada pela GNR, conforme divulgou a Guarda Nacional Republicana, esta quinta-feira, dia 17.

Segundo o organismo católico, as “consequências mais graves da sinistralidade rodoviária” no distrito de Braga traduziam-se “já em 19 mortos e 89 feridos graves”, em meados deste mês de julho.

No texto, sobre sinistralidade rodoviária, a comissão arquidiocesana cita também o relatório anual da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), divulgado  esta sexta-feira, 18 de julho, que indica que houve mais acidentes nas estradas portuguesas, mas menos vítimas mortais, em 2024.

A Comissão Justiça e Paz de Braga realça que os acidentes de viação provocaram 405 vítimas mortais, 2.304 feridos graves e 37.081 feridos leves, de janeiro a outubro de 2024, no continente e nas regiões autónomas: o número de vítimas mortais dentro das localidades foi superior ao apurado fora delas.

“No distrito de Braga, houve um aumento da sinistralidade grave nos primeiros dez meses do ano passado, tendo os acidentes rodoviários provocado mais mortos (+16,1%) e mais feridos graves (+9,6%) do que no período homólogo do ano anterior”, destaca ainda do relatório da ANSR.

“Precisamos de estradas seguras, sem vítimas. A Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga exorta a que cada um cumpra a sua parte para que as estradas não sejam campos de batalha.”

Segundo o organismo católico, o Papa Francisco acrescentou às “questões decisivas” da prevenção da sinistralidade rodoviária um tema que é “hoje incontornável”, numa audiência ao Automóvel Clube da Itália, pelos seus 120 anos, no dia 23 de janeiro deste ano, na Sala Clementina, no Vaticano.

Foto Lusa

Francisco, para além da formação para uma cultura de segurança nas estradas – incentivou a promoção de mais ações de consciencialização, designadamente nas escolas, para que se cumpra o objetivo de haver “zero vítimas nas estradas”, pediu também o respeito pelo meio ambiente susceptível de tornar “a mobilidade verdadeiramente sustentável e acessível”.

No texto ‘as estradas não têm de ser campos de batalha’, a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga explica que a “preocupação” da Igreja Católica com o que se passa nas estradas não é nova, “ainda que a gravidade da situação imponha que seja muito mais audível”.

Em agosto de 2007, o Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes afirmava que a “denúncia de situações perigosas, como as que são causadas pelo trânsito, faz parte da missão da Igreja, ou seja, é realização da sua missão profética”, no documento ‘Pastoral para os utentes da estrada’, mas, em 1956, o Papa Pio XII fazia exortações aos “automobilistas, particularmente os menos pacientes”.

O organismo católico bracarense lembra também que, “embora isso possa hoje parecer estranho”, as estradas podem ser lugares para “o exercício de diversas virtudes”, como indica o Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, nomeadamente: “a virtude da caridade; a prudência; a justiça”.

“A esperança é, finalmente, uma virtude que deve distinguir o condutor e o viajante. A esperança de chegar em segurança ao destino”, aponta ainda Comissão Justiça e Paz de Braga, que recorda também o “‘decálogo’ do motorista”, uma proposta adequada para pacificar as estradas.

CB

«Decálogo» do motorista (documento ‘orientações para a pastoral da estrada – rua’)

Foto Rui Caria, Acidente na Ilha Terceira na noite de 14 de maio
  1.  Não matarás.
  2.  A estrada será para ti instrumento de comunhão no meio das pessoas e não de dano mortal.
  3.  Cortesia, rectidão e prudência ajudar-te-ão a superar os imprevistos.
  4.  Serás caritativo e ajudarás o próximo na necessidade, especialmente se for vítima de um acidente.
  5.  O automóvel não será para ti expressão de poder, de domínio e ocasião de pecado.
  6.  Convencerás com caridade os jovens, e não só, a não se porem ao volante quando não estiverem em condição de o fazer.
  7.  Apoiarás as famílias das vítimas de acidentes.
  8.  Farás com que a vítima e o automobilista agressor se encontrem num momento oportuno, a fim de que possam viver a experiência libertadora do perdão.
  9.  Na estrada, tutelarás a parte mais frágil.
  10.  Sentir-te-ás responsável pelos outros.
Partilhar:
Scroll to Top