Prelado falecido há um ano é exemplo para uma Igreja Católica que «não pode contentar-se com o culto e as manifestações públicas de piedade popular»
Braga, 20 mai 2015 (Ecclesia) – A Arquidiocese de Braga assinalou o primeiro ano da morte de D. Eurico Dias Nogueira, antigo arcebispo primaz, destacando o seu papel de “comunicador” da fé cristã na sociedade, no meio académico e em terras de missão.
Na missa evocativa do aniversário, esta terça-feira na Sé local, o atual arcebispo bracarense, D. Jorge Ortiga, enalteceu a forma “destemida e corajosa” como o seu antecessor defendia os valores católicos, mesmo no meio de alguma “incompreensão”.
“Nenhum acontecimento da sociedade o deixava apático e confortável na tranquilidade de quem não se incomoda nem se contenta com o politicamente correto”, salientou aquele responsável, para quem “a Arquidiocese de Braga deve ser capaz de acolher este legado e de ler os sinais dos tempos”.
“Tempos” esses marcados por “muitos projetos, por vezes dissimulados que, em nome de uma legítima laicidade, impõe um laicismo onde a neutralidade se confunde com o desejo de silenciar”.
“Há muitas coisas intoleráveis e o que agrada ao mundo é o silêncio da Igreja”, apontou D. Jorge Ortiga, considerando que é necessária “a voz de sacerdotes e leigos com talentos diversos e espaços de atuação plurais”.
“Servir é nunca fugir àquilo que a sociedade nos pede. São muitas as interpelações que nos chegam, explícitas e implícitas. Não podemos contentar-nos com o culto e com as manifestações de piedade popular”, advertiu.
D. Eurico Dias Nogueira faleceu aos 91 anos de idade depois de mais de duas décadas de ligação à Arquidiocese de Braga (1977 – 1999), percurso antecedido por vários anos de missão episcopal em Moçambique e Angola.
Em memória do prelado, a Câmara Municipal de Braga deu o seu nome a uma avenida da cidade, inaugurada esta terça-feira junto à rotunda do Estado Municipal.
JCP