Braga, 11 fev 2015 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga explicou o que significa proteger a família numa sociedade com “programas contrários” ao que a Igreja considera de “mais verdadeiro e sagrado”, no discurso no encerramento das Jornadas da Família em Vila Nova de Famalicão.
“A sociedade precisa de assumir compromissos concretos que revitalizem a família a partir de dentro e de protegê-la como algo de essencial, como uma verdadeira garantia de um futuro humanizado”, afirma D. Jorge Ortiga para quem o futuro de Portugal passa pelo “contributo” que a família “poderá dar”.
Para o também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana pode-se “falar de medidas políticas” a favor da natalidade e “sentir orgulho” por Vila Nova de Famalicão ser um “concelho amigo da família” mas alerta que “não é suficiente”.
O prelado destacou que a proposta cristã tem uma “validade inegável” e “dignifica a família”, nas décimas Jornadas da Família, no Centro Pastoral de Santo Adrião.
“A Igreja sabe, ao mesmo tempo, que necessita de reequacionar determinadas linhas da sua proposta. É isso o que está neste momento a fazer com o Sínodo sobre a Família”, explicou D. Jorge Ortiga que assinalou que a Igreja tem um “longo” e “exigente” caminho a percorrer.
O arcebispo contextualizou que a sociedade é uma “realidade em permanente mutação” com diferentes valores que são “importados de culturas reais ou artificiais” – por via da mobilidade e dos produtos televisivos de ficção – que “atingem diretamente” as suas instituições e transformam-nas como a família.
“Se alguns influxos são aceitáveis, e até desejáveis, outros, pelo contrário, são de evitar”, alerta D. Jorge Ortiga que refere-se às culturas artificiais que produzem “realidades paralelas, irreais, e desrespeitosas” do património antropológico.
Aos participantes das Jornadas da Família assinalou que a “falência” do projeto de instituições sólidas, como “política, da educação, da justiça ou da família”, motiva as pessoas a negociarem as suas relações com “critérios de igualdade”.
Só assim se compreende o “desrespeito” pelo “papel dos avós” e as relações “mais simétricas entre os pais e filhos”, analisa.
“No pensamento do Papa Francisco proteger a família significa, então, apostar num sólido projeto educativo”, acrescentou o bispo de Braga que recorda os momentos familiares ao “redor de uma lareira” onde “nasce e se fortalece” a sociedade moderna.
Neste contexto, D. Jorge Ortiga refletiu sobre “algumas realidades” que são “semeadas” no seio familiar e produzem frutos na sociedade e provam “o verdadeiro capital social” da família.
A verdade; a iniciação ao mundo do trabalho; a “transmissão” da cidadania ativa, “quer na dimensão civil quer na religiosa”; o exercício da partilha como “resultado da generosidade” e a questão da vida, foram os exemplos apresentados.
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana considerou ainda que “não é possível abordar” a família sem referir-se à defesa da vida e alertou para diversas realidades.
Desta forma, D. Jorge Ortiga assinalou que os números do aborto que “atingem números muito expressivos” onde 30% das interrupções legais da gravidez “são reincidentes” em Portugal; O número de nascimentos “desce assustadoramente”; o adiamento da maternidade que é “revelador de uma mentalidade”; as crianças nascidas fora do casamento e o número de divórcios.
CB/OC