Prelado frisa que «ninguém aceita que a Igreja seja uma empresa» burocrática e de interpretação subjetiva
Braga, 17 nov 2014 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga, alertou este domingo, no discurso da abertura Solene das atividades dos Seminários Arquidiocesanos, que o importante não é o número de padres, mas sacerdotes preparados para a santidade “que corresponde às exigências dos tempos”.
“O número não é tudo e não se pode permitir ministros de má qualidade que não só desfiguram a Igreja como também a envilecem, tornam-na vil, desprezível, insignificante. Multiplicar não é sinónimo de aumentar a alegria. Só o que é bom se impõe e mostra validade em todos os tempos e épocas”, assinalou D. Jorge Ortiga, no discurso enviado à Agência ECCLESIA.
A frase do prelado surge na sequência da citação do beato frei Bartolomeu dos Mártires onde recordou: “Isto de ordenandos não é fazenda de número mas de pezo; a Igreja não tem necessidade de ruins Ministros, que a desfiguram e envilecem.”
O arcebispo de Braga explicou que para os cristãos e para as comunidades o “imperativo” continua a ser “pedi ao Senhor da messe que mande operários” mas alerta que “só a santidade lhes dá verdadeiro valor” aos muitos sacerdotes que são necessários.
Nesse sentido, aclarou que “muitos e santos” é a identidade que é exigida em todos os tempos, “particularmente” da modernidade.
“Ninguém aceita que a Igreja seja uma empresa marcada pela simples burocratização, aprendida em livros próprios, onde se aplica um legalismo canónico e, muitas vezes, de interpretação muito subjetiva por parte dos sacerdotes”, disse D. Jorge Ortiga.
O arcebispo primaz considera que olhar para o quotidiano dos sacerdotes significa ver que há “muitas ordens e imposições que não se compreendem” por isso destaca que o mundo “necessita de pastores que dão a vida pelas ovelhas”, um estilo que adquire-se nos seminários.
Viver para “proporcionar alegria e nunca tristeza” e “traumas” para a vida toda, é, segundo o prelado, o critério que deve marca o “agir dos sacerdotes e não o contrário”.
D. Jorge Ortiga comentou que a fé é a raiz e a motivação do agir através de uma experiência “intima e pessoal” dos sacerdotes para que possam oferecer à Igreja “a responsabilidade” de ser uma alternativa ao “mundo de confusão e de interesses pessoais”.
“A fé na vida e a vida na fé” é necessário para que os sacerdotes sejam “credíveis” onde é preciso haver “sintonia e correspondência”, explicou o arcebispo de Braga para quem o sacerdote “se deixa fazer” pela comunidade e cresce quando as suas “ações ministeriais” coincidem com “a Palavra de Deus e o sentir da Igreja”.
CB