D. Jorge Ortiga desafia cristãos à construção de sociedade mais justa
Braga, 06 abr 2012 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga afirmou hoje que a Igreja deve comprometer-se com as “causas das populações” para a construção de uma sociedade “mais justa” que supere interesses pessoais ou partidários.
“O grito da morte de Cristo deve acordar a Igreja para que seja capaz de colocar o óleo da consolação nas feridas da humanidade”, disse D. Jorge Ortiga, durante a celebração de Sexta-feira Santa, na Catedral bracarense.
O também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social apontou diversas situações de injustiça e sofrimento, admitindo que as mesmas “fazem com que muitos coloquem em questão a existência de Deus”.
“Se tu és o salvador do mundo, então onde é que tu estavas quando esta crise económica mundial veio abalar as nossas vidas?” foi uma das perguntas apresentadas pelo prelado, como exemplo desse questionamento.
D. Jorge Ortiga aludiu à corrupção que “invadiu os meandros de negócios marcados pelo aproveitamento dos mais frágeis” e a “gestores da causa pública” que “desconsideram os mais pobres e abandonados”.
O arcebispo de Braga lembrou ainda os “tantos idosos já não têm dinheiro para pagar os medicamentos” e disse que “60 000 crianças foram assassinadas” em Portugal, nos últimos anos, “mediante o método de aborto”.
Este responsável sublinhou que a violência doméstica “continua a matar tantas mulheres” e que muitos filhos “sofrem, cada vez mais, autênticos traumas psicológicos por causa do divórcio dos pais”.
Neste contexto, D. Jorge Ortiga destacou que Jesus trouxe “o sonho de um mundo justo, numa época banhada na corrupção e imoralidade”, “o sonho da liberdade, numa época de opressão política” e “o sonho da felicidade, numa época de extrema assimetria e pobreza social”.
“Mas quem é afinal este homem? Será um profeta, um revolucionário, um fundamentalista, um mágico, um político, um fascista, um ditador, um sindicalista, um herói popular ou um louco? Todos sabemos responder: era o mensageiro de Deus”, prosseguiu.
Jesus, sublinhou D. Jorge Ortiga, soube “desafiar o paradigma social e religioso da época”.
Nesta celebração decorre a procissão ‘Teofórica do Enterro’, na qual o Santíssimo Sacramento, encerrado num esquife coberto de um manto preto, é levado pelas naves da catedral e deposto em lugar próprio, para a veneração dos fiéis.
Pelas 22h00 inicia-se na Sé de Braga a procissão do ‘Enterro do Senhor’, que leva pelas ruas da cidade o esquife do Senhor morto, seguido por figuras alegóricas que ostentam um véu de luto.
OC