«Tempos austeros» educam para «viver com o essencial», escreve D. Jorge Ortiga, novo presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social
Lisboa, 09 nov 2011 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga assinou esta terça-feira a sua mensagem para o Advento, onde sublinha que este tempo litúrgico de quatro semanas antes do Natal deve ser marcado pela repartição de bens.
“Porque vivemos tempos austeros, a partilha gera alegria naqueles que passam dificuldades, restitui-lhes a esperança para continuar a viver e educa-nos a todos para a pobreza: viver com o essencial”, escreve D. Jorge Ortiga, acrescentando que “esta ‘missão social’ é um dos rostos mais visíveis da Igreja”.
No texto intitulado “Para ver o que aconteceu em Belém”, alusão à cidade palestina onde nasceu Jesus, o novo presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social lembra que o Advento, que este ano começa a 27 de novembro, é marcado pelos “valores cristãos” da “esperança”, “alegria” e “pobreza”.
O responsável recorda o fundo solidário da arquidiocese, “Partilhar com Esperança” e frisa que os Conselhos Pastorais Paroquiais devem ter “sensibilidade para ver e fazer mostrar” o “amor”, através dos grupos sociocaritativos das comunidades católicas.
Referindo-se ao aspeto litúrgico e espiritual do Advento, um dos períodos mais importantes do ano litúrgico católico, o arcebispo primaz sublinha que aquele não é apenas o tempo em que os cristãos aguardam por Jesus: “Ele também espera por nós: pela nossa chegada à sua proposta de salvação”.
Depois de notar que o Advento é assinalado pela “dimensão missionária”, o responsável propõe um itinerário “ao ritmo de quatro perguntas” baseadas em trechos bíblicos, a refletir “nos Conselhos Pastorais, nas reuniões dos movimentos, nas sessões de catequese, na homilia” e “na oração pessoal”.
“Porventura sabeis ‘a que horas virá o dono da casa’?” é a questão proposta para o primeiro domingo, sublinhando a dimensão do “vigiar”, enquanto que sete dias depois os fiéis são convidados a responder à pergunta “Quem é esse que ‘vai chegar depois de mim’?”, vincando a dimensão do “preparar”.
No terceiro domingo sugere-se a interrogação “Então quem és tu?”, que desperta os crentes para a dimensão do “acreditar”, e no último lança-se a interpelação “Como será isto, se eu não o conheço?”, que manifesta a vertente do “confiar”.
Cada questão “remete para uma atitude bíblica, a qual deverá ajudar-nos a responder à pergunta sobre a nossa identidade eclesial”, explica D. Jorge Ortiga, que pretende conduzir os cristãos a passarem do “enigma” das perguntas “à alegria de uma resposta comprometedora”.
As três primeiras semanas do Advento, que recordam a segunda e última vinda de Cristo à Terra esperada pelos cristãos, tornam-no um tempo penitencial marcado pelo convite à vigilância, arrependimento e reconciliação com Deus.
A partir de 17 de dezembro a liturgia adventícia, predominantemente dominada pelo roxo, acentua a festa do nascimento de Jesus, que os católicos assinalam a 25 de dezembro.
As leituras bíblicas proclamadas nas missas evidenciam as figuras bíblicas do profeta Isaías, de João Batista, precursor de Cristo, e de Maria, mãe de Jesus.
As manifestações do Advento, palavra de origem latina que significa “vinda” ou “chegada”, expressam-se na coroa de ramos verdes com quatro velas, que se acendem aos domingos, bem como na armação do presépio, entre outras práticas.
RJM