D. Jorge Ortiga lembra São João Batista para pedir «um novo paradigma»
Braga, 24 jun 2014 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga presidiu hoje à Missa da festa litúrgica de São João Batista, e disse que é preciso reconhecer que “o verão ainda não chegou a diversas pessoas”.
“O inverno do desemprego, da emigração, do sofrimento, tem gerado muitas chuvas de lágrimas às quais Deus não nos permite ficarmos indiferentes”, declarou D. Jorge Ortiga, numa homilia pronunciada na Capela de São João da Ponte.
O arcebispo primaz recordou que João Batista “não ficou indiferente ao rumo que a história do seu povo estava a tomar” e “arriscou tudo, incluindo a vida”, tornando-se uma voz, “muitas vezes dura e ingrata”, que apresentou “novos caminhos”.
“Não devemos, como crentes e cidadãos, estar mais atentos aos destinos sociais do nosso país? Não necessitaremos de propor um novo paradigma, onde haja justiça e equidade para todos? Pessoalmente, acredito que está nas nossas mãos fazer este caminho”, acrescentou.
D. Jorge Ortiga refletiu ainda sobre a atualidade das celebrações do São João “num tempo de uma laicidade tão agressiva”, afirmando que a festa é “uma das componentes necessárias ao ser humano, tendo em vista a sua realização”.
“A festa de São João diz a esta moderníssima cidade de Braga que o progresso industrial e tecnológico, que tanto a caracteriza, não a pode fazer esquecer que há princípios éticos que devem regular essa acelerada evolução e que não a pode afastar dos carenciados que, por diversos motivos, estão totalmente à margem dessa evolução”, precisou.
O arcebispo de Braga apelou à sobriedade na celebração das festas populares, porque não se pode “investir grandes quantias em momentos breves e passageiros”, e ignorar “o dever “de apoiar “o desfavorecido, o pobre e o frágil”.
D. Jorge Ortiga pediu a “intercessão” de São João Batista para a cidade, para que todos acreditem que é possível uma sociedade diferente, “uma sociedade que se edifica nos valores da esperança, da humildade, da fraternidade e da sobriedade”.
OC