D. Jorge Ortiga alerta para aproveitamento da crise para promover legisçaão contrária à «dignidade das crianças»
Braga, 03 jun 2013 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga declarou este domingo que a possibilidade de coadoção em uniões do mesmo sexo, aprovada na generalidade pelo Parlamento português, é um “atentado contra a família”.
“Será que os deputados, que se recusam a diminuir o número de membros da Assembleia da República, e que ainda há bem pouco tempo ignoraram as 92 mil assinaturas a pedir um referendo sobre a legalidade do casamento defendido por este grupo, irão novamente aprovar uma lei que ofende a dignidade humana das crianças e, por inerência, atenta contra o futuro sociedade portuguesa?”, questionou D. Jorge Ortiga, na homilia da peregrinação arquidiocesana à Senhora do Sameiro.
A nova legislação prevê a coadoção por parte do cônjuge ou unido de facto do pai ou mãe da criança, desde que não exista outra parentalidade anteriormente estabelecida.
Segundo D. Jorge Ortiga, os argumentos do grupo defensor desta lei vão contra “os direitos naturais das crianças”.
“Neste período concreto da história do nosso país, em que atravessamos uma das piores crises económicas de sempre, e os níveis de pobreza, emigração e desemprego atingem números recordes, é interessante notar como este grupo específico se serve deste cenário trágico para, tacitamente, conseguir a provação de uma lei que atenta contra a dignidade das crianças”, observa.
O projeto de lei n.º 278/XII do PS foi aprovado na generalidade a 17 de maio, com 99 votos a favor e 94 contra, além de nove abstenções.
Para o arcebispo de Braga é “muito estranho” que este só agora os deputados se lembrem destas “crianças desprotegidas, abandonadas e órfãs”, quando “pouco ou anda fizeram por elas” e aprovaram a lei do aborto, que “mata por ano 20 mil crianças” no país.
“Diante da tamanha contradição deste grupo, perguntamos: qual será afinal a sua intenção? Talvez seja, creio eu, porque se queiram aproveitar da fragilidade jurídica destas crianças e da “’distração’ dos políticos, focados na ‘salvação’ económico-social do país, para satisfazer os seus caprichos e escrúpulos sectários, de modo a angariar mais argumentos a posteriori que justifiquem o seu casamento camuflado”, prosseguiu.
D. Jorge Ortiga convida os legisladores a superar a “ideologia partidária” e ouvir “verdadeiramente o querer dos portugueses, que os elegeram”.
O prelado concluiu com uma oração “por todas as crianças, os jovens, os desempregados, os doentes, os emigrantes e as famílias” da arquidiocese minhota.
A imagem de Nossa Senhora do Sameiro, venerada no altar-mor da basílica homónima, desceu na noite de sexta-feira à cidade de Braga, pela primeira vez em quase uma década, para dar início às celebrações solenes dos 150 anos da fundação do santuário.
OC