D. José Cordeiro participou na abertura do ano judiciário do Tribunal Eclesiástico Metropolitano Bracarense
Braga, 30 jan 2025 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga afirmou que “será na voz profética e na capacidade de escuta que a Igreja desempenhará bem o seu papel na justiça e na sua missão em geral”, na abertura do ano judiciário do Tribunal Eclesiástico Metropolitano Bracarense.
D. José Cordeiro referiu esta quarta-feira que “a Igreja é chamada a ser sal da terra e luz do mundo ou seja, a interagir com o mundo e as suas situações mais alarmantes, no diálogo com a diversidade na complementaridade das instituições, de modo muito particular com as novas realidades culturais”.
Segundo uma nota do Tribunal Eclesiástico Metropolitano Bracarense enviada à Agência ECCLESIA, o arcebispo de Braga abordou ainda o “Ano Jubilar como oportunidade de redescobrir a justiça misericórdia de Deus, enquanto “Peregrinos de Esperança”.
No fundo, “estamos diante de desafios que nos impelem a ser mais justos e fraternos, enquanto Igreja e enquanto sociedade, no nosso exercício quotidiano da caridade e da misericórdia desta missão que é de todos e requer a atenção de todos no modo como exercemos o direito e a justiça em todos os âmbitos e lugares da sociedade”, afirmou.
Na intervenção, o arcebispo de Braga agradeceu “a presença das autoridades presentes, incluindo responsáveis de instituições civis de administração da justiça”, reforçando a corresponsabilidade de todos no exercício do direito e da implementação da justiça e da dignidade humana em todas as pessoas.
D. José Cordeiro saudou também o trabalho que o Tribunal tem desenvolvido sempre em comunhão com o arcebispo, ressaltando “o importante papel que todos os oficiais do Tribunal Eclesiástico de Braga prestam no serviço à Igreja e às causas que trata”.
A abertura do ano judiciário do Tribunal Eclesiástico Metropolitano Bracarense contou com a participação do vigário judicial do Tribunal Metropolitano da Arquidiocese de Braga, cónego Mário Martins, que apresentou uma reflexão a propósito do momento e apresentou o elenco das atividades realizadas ao longo do ano 2024 e propôs alguns desafios para o ano de 2025.
Seguiu-se uma conferência do professor Jorge Bacelar Gouveia, da Faculdade de Direito da NOVA e da Universidade Autónoma de Lisboa, acerca do tema “Problemas e desafios atuais nas relações Igreja-Estado”.
O antigo membro da Comissão da Liberdade Religiosa referiu que atualmente, no contexto português, se vive um regime de laicidade ou separação Igreja-Estado com cooperação entre a Igreja e o Estado”.
Trata-se de “uma laicidade positiva, ou seja, uma colaboração com todas as religiões, tendo em conta a representatividade”, realçou, acrescentando que “não obstante a constituição seja omissa em relação a este aspeto, a lei da liberdade religiosa e a própria Concordata colmatam esta lacuna”.
Segundo José Bacelar Gouveia, “o fenómeno religioso atual é muito mais poliédrico do que noutros tempos” e, fazendo uma análise da realidade, constatou ainda que “atualmente existe um certo um paradoxo”.
“Por um lado, existe uma aceleração da secularização, por outro, nota-se um certo crescimento dos sentimentos religiosos entre certos setores da sociedade”, indicou.
No final da intervenção, o professor deixou alguns desafios a uma maior intervenção pública da parte de quem tem voz na sociedade, nomeadamente de quem tem papel ativo e intervenção cívica no seio da Igreja sobre certos temas comuns quer à Igreja quer ao estado.
A manhã ficou marcada pela celebração da Eucaristia, que se realizou na Capela da Imaculada, onde na homilia D. José Cordeiro afirmou que “os Tribunais Eclesiásticos e todas as instâncias civis devem continuar com a sua missão de ajudar cada pessoa a encontrar ou a recuperar o seu caminho”.
LJ/OC