D. Jorge Ortiga desafia jovens finalistas universitários a abraçar «causas da humanidade»
Braga, 26 abr 2015 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga denunciou hoje o “escândalo do Mediterrâneo” que afeta milhares de imigrantes a caminho da Europa, saindo em defesa destas “frágeis pessoas desprezadas na sua dignidade”.
“Milhares de pessoas que buscam uma vida melhor, para si e para as suas famílias, são enganadas por traficantes de seres humanos, aproveitando-se das precárias condições humanas em que tantos vivem”, afirmou D. Jorge Ortiga, durante a homilia na bênção dos finalistas da Universidade Lusíada, no Parque da Devesa.
O responsável pela Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana recordou que hoje, “perante o cenário de morte no Mediterrâneo”, vários grupos de católicos de Portugal apelaram à colocação de um pano branco nas janelas ou à utilização de uma peça de roupa branca.
“De regresso a casa, se possível, realizai este gesto de sensibilização, de protesto e de proximidade afetiva com quem não tem voz”, apelou.
D. Jorge Ortiga recordou que para muitos destes imigrantes, o sonho se transforma “num pesadelo”.
“Em dia de sonhar com um futuro melhor, acreditai que nunca se é feliz sozinho. Vede as causas da humanidade e oferecei sempre o vosso contributo positivo com ideias e ações”, pediu aos finalistas.
O arcebispo primaz disse depois que o país tem políticas ineficazes na hora gerar emprego, em particular para os mais novos, “com tantos sonhos de contribuir para a transformação da sociedade por via do trabalho”.
“As atuais circunstâncias socioeconómicas e decisões políticas encurralaram muitos dos vossos colegas no meio desta ponte", assinalou.
D. Jorge Ortiga quis sublinhar, nesta ocasião, a excelência da formação dos universitários presentes numa celebração que deveria ser uma "ponte" temporária entre o período de formação e o início da atividade laboral.
Segundo o prelado, muitos jovens sentem-se "rejeitados pelos construtores da sociedade".
Neste sentido, o arcebispo de Braga pediu aos jovens que não se resignassem: "O futuro constrói-se mesmo que existam muitas adversidades ou adversários. Só quem ousa luta consegue vencer".
Durante a homilia, enviada à Agência ECCLESIA, D. Jorge Ortiga mencionou ainda o encerramento da Semana de Oração pelas Vocações.
“Encarai o vosso futuro como uma vocação e nunca como mera profissão. A profissão limita-se ao cumprimento das tarefas com maior ou menor profissionalismo e entrega. A vocação, pelo contrário, é sentir que se responde a alguém que chama para o entusiasmo”, explicou.
OC