D. José Cordeiro convidou a procurar «continuamente o bem da comunidade, o bem comum», para uma Igreja e uma sociedade «mais humana e humanitária»

Braga, 24 jun 2025 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga afirmou que festejar com São João “é estar na escola de Jesus Cristo e participar num auditório espiritual de escuta ativa”, na Missa da Solenidade do nascimento São João Batista onde estiveram reunidos para “escutar, louvar, rezar, adorar”.
“S. João ardeu com o seu peculiar estilo de vida: seriedade, humildade, liberdade, verdade, relação desprendida com o dinheiro, o poder, a fama. O seu coração brilhou em chama de amor em Jesus Cristo. Este ardor ilumina e transmite a paz”, disse D. José Cordeiro, na celebração que presidiu esta terça-feira, dia 24 de junho, no Parque da Ponte, em Braga.
Na homilia, divulgada pela Arquidiocese de Braga, o arcebispo afirmou que hoje, celebrar a solenidade do nascimento de João, o Batista, “demanda uma conversão das relações, dos processos de tomada de decisão e dos vínculos que sustentam a vitalidade da Igreja e da sociedade”, animando as suas estruturas.
“Juntos, busquemos continuamente o bem da comunidade, o bem comum, especialmente em defesa dos que mais precisam, para uma Igreja e uma sociedade mais humana e humanitária”, pediu.
Segundo D. José Cordeiro, “alegria e júbilo” são os grandes sinais da festa e da “era messiânica que o Evangelho comunica”, e destaca a forma como Lucas narra o anúncio do Anjo a Zacarias, “enquanto exercia o sacerdócio diante de Deus no Templo de Jerusalém”: «a tua mulher, Isabel, gerar-te-á um filho e chamá-lo-ás com o nome João. Terás alegria e júbilo e muitos se alegrarão com o seu nascimento» (Lc 1, 13-14).
Jesus, acrescentou o arcebispo de Braga, afirmou que João Batista “era a candeia que ardia e iluminava”, e acrescenta que São Bernardo referiu que “João produz o brilho do ardor e não o ardor da cintilação”.
“João ilumina, como salienta a iconografia joanina, no dedo que aponta Jesus como o Cordeiro pascal da nova e eterna aliança; o amor de João por Jesus manifestou-se: no útero materno, no batismo do Jordão, sabendo ocupar o seu lugar e não aceitar ser tratado por Cristo”, desenvolveu, na homilia intitulada ‘Muitos se alegrarão com o seu nascimento’, publicada na página da Arquidiocese de Braga na internet.
O arcebispo de Braga salientou que São João “iluminou com o exemplo, com a palavra e com a vida”, e explicou que quem não arde não incendeia, quem não arde não ilumina, e “é necessário sair fora da lógica do poder, nunca transformar a autoridade em poder”, porque “a verdadeira autoridade na Igreja é amar, servir e acolher a todo”.
“Festejar com S. João é estar na escola de Jesus Cristo e participar num auditório espiritual de escuta ativa. Alguns celebram o que ignoram, talvez por isso é tão popular!”
João Batista é, com a Virgem Maria, o único santo de quem a Liturgia católica celebra o nascimento (as festas litúrgicas assinalam-se, por norma, na data da morte); o Evangelho apresenta-o como primo de Jesus Cristo e o último dos profetas.
Em Braga, este dia 24 de junho une folclore, religiosidade e festa popular, com um grande núcleo celebrativo na capela de São João da Ponte, informa o jornal arquidiocesano ‘Diário do Minho’, assinalando que “os carros das Ervas, do Rei David e dos Pastores”, do Cortejo Sanjoanino, animaram “miúdos e graúdos” nesta manhã de São João, “num momento de celebração das raízes e tradições”, do Largo de São João do Souto até ao Parque da Ponte.
A celebração de São João Batista levou, na última noite, milhares de pessoas às ruas de várias localidades portuguesas, em particular em Braga e no Porto, onde se interligam a dimensão popular dos festejos – festa de solstício com manifestações próprias da religiosidade natural – e a mensagem cristã transmitida pelo santo. |
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