Braga aposta na Semana Santa

Desde os primeiros séculos cristãos, a Igreja celebra o mistério da salvação, nas suas três fases (Paixão, Morte e Ressurreição), no decorrer de três dias, que constituem o ponto culminante do ano litúrgico. Muitas comunidades, de norte a sul do país, têm formas «específicas» de viver a Semana Santa. Algumas destas celebrações são «dolorosas» mas atraem os cristãos locais e muitos visitantes. Em Braga, a Comissão Organizadora da Semana Santa aposta também, este ano, no incremento cultural – concertos durante a Quaresma em várias igrejas da cidade – que tem o objectivo de envolver a cidade nas solenidades. Orçadas em cem mil Euros, as celebrações incluem novidades também na rua, onde habitualmente se reúnem milhares de locais e forasteiros, muitos deles espanhóis, para assistirem às tradicionais procissões do Senhor dos Passos, da Burrinha, do Ecce Homo e do Enterro do Senhor. Este ano, a 2 de Abril e por iniciativa da Irmandade de Santa Cruz, algumas praças do centro da cidade dos Arcebispos servirão de palco a uma Via Sacra ao vivo, pelo grupo “Gólgota”, que trará a Braga 130 figurantes e “dezenas de milhar” de pessoas esperam os organizadores. Uma Via Sacra em cinco actos: O primeiro acto, que retrata o julgamento e condenação de Jesus, decorre na Praça do Pópulo. O segundo acto tem lugar na Praça do Município e retrata o encontro de Jesus com a mãe, com Verónica e com as mulheres de Jerusalém. O julgamento de Cristo na Praça pública é reproduzido na Praça José Ferreira Salgado. O quarto acto – Cireneu a levar a cruz – acontece no Largo de S. João do Souto. O espectáculo termina em frente à Igreja de Santa Cruz, onde será reconstituída a cena da crucificação, morte e ressurreição de Jesus. Esta vivência não está dependente das condições climatéricas como até ganha “dramatismo” se chover e trovejar – realça o provedor da Irmandade, Alberto Quintas. Solenidades que rasgam as paredes da Sé de Braga e espalham-se pela cidade. Talvez seja exagerado afirmar que a Semana Santa, em Braga, ressuscitou mas de ano para ano as novidades são bem visíveis: exposições e celebrações religiosas. Uma das celebrações mais características da cidade é a chamada «procissão da Burrinha»: “um cortejo com cerca de 600 figurantes que representam, pelas ruas da cidade bracarense, uma vintena de quadros bíblicos onde não faltará a «célebre Burrinha» que carregará Maria na sua fuga para o Egipto” – refere o Pe. António Sérgio. Se hoje tem o nome de cortejo bíblico, outrora era considerada a «procissão da Burrinha”, nome pela qual “os populares ainda designam este evento”. Procissões que se caracterizam pela pompa e singularidade. Destacam-se a da Penitência, que percorre os «passos» do Calvário, fazendo-se em cada um deles uma breve alocução; a do Senhor Ecce Homo, com os farricocos envolvidos nos hábitos negros de penitentes, empunhando archotes e fogaréus; a Procissão do Enterro, que percorre a Catedral com o Santíssimo Sacramento encerrado no féretro; e finalmente a «sumptuosa» Procissão do Enterro do Senhor.

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