Borba: Presidente da República pede ao Governo para «acorrer» à situação das famílias das vítimas

Marcelo Rebelo de Sousa disse que cabe à administração pública assumir as consequências do funcionamento de um serviço público de comunicações

Foto Lusa

Vila Viçosa, 08 dez 2018 (Ecclesia) – O presidente da República encontrou-se hoje com familiares das vítimas do acidente de Borba e disse à Agência ECCLESIA que o Governo tem de assumir as responsabilidades pelas consequências do funcionamento de “um serviço público de comunicações”.

“O senhor primeiro-ministro e o Governo são os primeiros, num sentido humanista da realidade, a compreenderem que uma vez terminado o prazo do inquérito que foi determinado, que está a acabar, certamente saberão pôr de pé um sistema que permita acorrer à situação destas famílias”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O presidente da República lembrou que as famílias das vítimas estão, “todas elas em situação difícil”, e afirmou que não se pode esperar pela “repartição de responsabilidade para acorrer àquilo que é um imperativo de justiça”.

Marcelo Rebelo de Sousa defende que a administração pública portuguesa tem de assumir uma “responsabilidade óbvia pelo que de dramaticamente anómalo houve no funcionamento de um serviço publico de comunicações”, “deixando para o futuro a repartição de responsabilidade”.

No “longo encontro” com os familiares da vítimas, que o presidente da República disse que “queria muito” e que aconteceu na presença do arcebispo de Évora, D. Francisco Senra, Marcelo Rebelo de Sousa quis inteirar-se da “longa dor” dos que perderam algum elemento da família na sequência do desabamento da estrada nacional 255, no dia 19 de novembro, que atravessava uma pedreira, em Borba.

O presidente da República referiu que, na primeira parte, o encontro permitiu uma “abertura de alma”, deixando “transparecer a dor vivida no passado recente, a dor pela angústia por saber se os desaparecidos estavam mortos ou não, uma dor longa, uma dor do convívio com a morte”.

Um outro momento do encontro “teve a ver com a vida”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, porque “a morte traz consigo um apelo àqueles que ficam que é o de olharem para o futuro e recomeçarem o seu percurso”.

O presidente da República participou hoje e na noite de sexta-feira, em Vila Viçosa, nas celebrações da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal, afirmando que é uma “celebração da História de Portugal, do presente e virada para o futuro”.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que em causa estão convicções com muito significado para o “povo católico português” e que, no contexto de liberdade religiosa, cabe às instituições públicas “deixar exercer a liberdade religiosa”.

A liberdade religiosa, consagrada na Constituição, é liberdade de culto e é liberdade de vivência da própria fé. Faz parte da fé do povo católico português uma realidade como esta. Respeitá-la, saber apreender o seu significado é exercer a liberdade religiosa e é deixar exercer a liberdade religiosa”, considerou o presidente da República”.

A ligação entre Portugal e a Imaculada Conceição ganhou destaque em 1385, quando as tropas comandadas por D. Nuno Alvares Pereira derrotaram o exército castelhano e os seus aliados, na batalha de Aljubarrota.

Em honra a esta vitória, o Santo Condestável fundou a igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa, e fez consagrar aquele templo a Nossa Senhora da Conceição.

João IV, atento a uma religiosidade que também já envolveu a construção de monumentos como o Mosteiro da Batalha, o Convento do Carmo e o Mosteiro da Conceição, coroou a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha e Padroeira de Portugal durante as cortes de 1646.

PR

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Agência ECCLESIA

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