Bolívia: Igreja pede respeito na nova Constituição

A Conferência Episcopal da Bolívia (CEB) tornou pública a sua proposta dirigida à Assembleia Constituinte, na qual manifesta abertura à possibilidade de que o Estado não se declare confessional, mas pede que o novo ordenamento jurídico respeite a profissão de fé, tanto no âmbito colectivo como privado. A proposta da CEB recorda que a institucionalidade da Igreja Católica está sustentada pelo Direito Público Internacional, e as outras Igrejas, pelo direito privado nacional, em virtude de a Igreja Católica responder perante a Santa Sé. O Coordenador da Representação da CEB junto da Assembleia Constituinte, Juan Carlos Velásquez Silvestre, sustenta na proposta que a Santa Sé está reconhecida no sistema da Organização das Nações Unidas (ONU), e que como qualquer outro Estado, tem s sua representação diplomática no Núncio Apostólico. Reafirmando a separação entre Estado e Igreja Católica, a CEB não esquece que a Igreja contribui com o Estado num papel subsidiário, que não comporta renunciar à sua missão, mediante obras sociais como educação, saúde, orfanatos e outros campos do desenvolvimento humano. Cita-se como exemplo Santa Cruz, onde existem 450 obras de educação, mais de 250 000 alfabetizados em 30 anos de trabalho, 38 centros de saúde, 36 lares administrados por congregações religiosas, 10 000 pessoas que diariamente vão aos refeitórios populares e 100 projectos de desenvolvimento social rural e urbano. Por tudo isto, a Igreja pretende como garantia para a continuidade destes serviços, o reconhecimento constitucional de seu estatuto jurídico. Assume o direito fundamental e universal da liberdade religiosa, sob o princípio de igualdade e pluralidade religiosa, sem pretensão de privilégio religioso algum. O novo modelo “revolucionário, bolivariano e socialista,foi criticado pelo Cardeal boliviano D. Julio Terrazas Sandoval, para quem a “atenção, muito apelativa por parecer desinteressada, que manifestam alguns dignitários deste Continente pelo que acontece na Bolívia” suscita fundados “temores”. “Ninguém desejaria sair de uma dependência estrangeira para cair noutra”, apontou, na recente Conferência de Aparecida. O Cardeal Terrazas criticou o discurso de “descolonizar a Bolívia” que considera a Igreja como co-autora do colonialismo. “Neste ponto a Igreja na Bolívia não defende privilégios, a não ser o direito à liberdade religiosa para continuar a anunciar o Evangelho da vida”, explicou. O governo de Evo Morales mereceu críticas por causa da “polarização e centralismo estatal que debilita o ideal autonómico das regiões”, os quais “paralisam o país incidindo fortemente na Assembleia Constituinte e afastam a possibilidade de contar com uma nova Constituição”. Departamento de Informação da Ajuda à Igreja que Sofre

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