As experiências de quem se coloca entre a ousadia de acreditar e a ousadia de testemunhar
Lucília e Francisco Miguéis estão casados há 36 anos e, na altura, eram praticantes de uma fé que consideravam ser a suficiente. O Cursilho de Cristandade surgiu em Portalegre, onde vivem, depois de 10 anos de matrimónio.
Uma experiência triste fê-los procurar outras respostas e outras formas de estar. O objectivo foi cumprido. Com um olhar comovido, Lucília garante que a experiência os fez mudar e de forma radical: “ao passar pela experiência do Cursilho, outra coisa nos surgiu. Nós tínhamos duas mãos, que dávamos um ao outro, mas sentimos que havia outra livre…para o mais próximo. A grande descoberta foi a da presença do outro”, referem à Agência ECCLESIA.
Pela mesma experiência passaram, ao longo de 50 anos, mais de 120 mil pessoas. De norte a sul do país, um pouco por todas as dioceses, jovens e adultos, homens e mulheres, fizeram e ainda fazem desta experiência um caminho de fé e de fuz, de alegria e de entrega aos outros.
Augusto Antunes, antigo militar da Guarda Nacional Republicana, descobriu o Movimento ainda jovem, mas já casado. Aos 29 anos já vivia o cristianismo, mas um cristianismo morno e rotineiro. Augusto afirma que com o Cursilho encontrou um compromisso. “O Senhor, nesse momento, interpelou-me e disse-me: tu não podes pensar só em ti, tens de te lembrar que à tua volta há um mundo que precisa de ouvir a Minha palavra e tu tens de ser o porta-voz”.
Este carisma do serviço aos outros e a vontade de aprofundar a Fé fazem dos Cursilhos de Cristandade uma experiência única para muitos católicos, leigos e até ateus. Quem passa pelo Movimento fica nele e recomenda-o.
Agora coordenador do movimento em Viseu, Augusto sentiu a responsabilidade do seu chamamento: “no dia em que me reformei senti que até lá servi o meu povo e pagaram-me para isso. A partir de então fiquei ao serviço dos outros, 24 horas por dia. E tudo isso porque um dia vivi esta experiência maravilhosa de um Cursilho de Cristandade”.
Também para o matrimónio, a experiência individual de três dias de um Cursilho é fundamental. Saúl Quintas, convicto cursilhista e elemento da Comissão Permanente do Secretariado Nacional do Movimento, considera que a experiência de oração que oferece é fundamental para a família: “um casal que reza, que está reunido à noite e consegue rezar, julgo que tem a questão do divórcio muito longe dos seus horizontes”.
E é aos mais jovens que o movimento quer chegar: a um jovem maduro que tem o espírito aberto à felicidade, conversão ou até mesmo ao reforço da Fé.
Valores como o entusiasmo, a entrega e o espírito de caridade fazem da mensagem de Eduardo Bonnín, o fundador do movimento em 1944, em Palma de Maiorca, um sucesso em Portugal e na Europa.
Os Cursilhos de Cristandade chegaram ao nosso país em 1960 e ainda hoje são considerados de grande actualidade e importância. Quem o garante é o Padre Senra Coelho, Director Espiritual Diocesano do Movimento na Arquidiocese de Évora. Para o experiente sacerdote, o Movimento é uma urgência na Igreja de hoje. “Tem por carisma fundacional ser o primeiro anúncio da fé, uma experiência com o Senhor através de três encontros: um consigo próprio, outro com Cristo e, por último, um reencontro muito forte com os ambientes onde vivemos”, descreve à Agência ECCLESIA.
A celebração dos 50 anos do Movimento dos Cursos de Cristandade em Portugal começou no último fim-de-semana em Fátima, local que os viu nascer pela primeira vez, com a realização de um simpósio que juntou mais de 300 cursilhistas de todo o país. Nele se debateu a essência do movimento, centrada na oração.
A celebração das bodas de ouro deste Movimento prolongam-se até ao mês de Dezembro.