Boas pessoas fazem bons governos

A participação pessoal e o papel da família em debate nos Dias Sociais Católicos para a Europa

A participação é o segredo da solidariedade. É em cada pessoa que se iniciam projectos, e da qualidade de cada indivíduo que depende a qualidade das sociedades e dos seus governos.

A acentuação da importância da pessoa marcou a primeira manhã de trabalhos dos “Dias Sociais para a Europa”, uma iniciativa da COMECE (Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia) que promove o debate “Solidariedade, o desafio para a Europa”.

Num painel moderado pela Vice-presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz de Portugal, Joana Rigato, dois deputados do Parlamento Europeu apresentaram o desafio da participação a europeus que apenas podem estar habituados a receber das estruturas comunitárias. Tunne Kelam, da Estónia, refere que “tudo começa no nível individual” e que “a qualidade da sociedade depende da qualidade dos cidadãos”. Para este Membro do Parlamento Europeu, “se o homem é bom o governo é bom. Se o governo está doente, os cidadãos poderão melhorá-lo. Mas se estes são maus, o governo não pode ser bom”.

[[i,d,617,Dias Sociais para a Europa – Polónia]]Tunne Kelam apresentou ainda a atitude de fé como possibilidade de “grande coragem” de “mudança da sociedade”. Uma fé pessoal, numa dimensão espiritual, “leva à grande coragem que tem como consequência a transformação da sociedade e a liberdade”.

Para Tunne Kelam a capacidade de uma relação mais profunda com o outro, a bondade, como compaixão, é “o recurso mais poderoso da construção da solidariedade”.

Porque o caminho da dignidade humana foi uma opção desde a sua fundação, União Europeia “é o melhor processo da paz na história”. É a certeza do antigo primeiro ministro da Eslovénia, actualmente membro do Parlamento Europeu, Alojz Peterle. Estando a enfrentar e a ultrapassar problemas económicos e financeiros, tem pela frente o desafio da defesa da vida. Para os primeiros, pode ver-se já “luz ao fundo do túnel”. Mas no que diz respeito à vida, à saúde e também à solidariedade, podem ser conceitos “ambíguos” entre as gerações futuras.

Alojz Peterle aponta o Tratado de Lisboa como uma oportunidade para a defesa de valores que caracterizam a Doutrina Social da Igreja. “O Tratado tem conceitos, valores, que são consequência da Doutrina Social da Igreja”. “É um tratado que nos permite fazer mais no futuro, se assim houver vontade política”, defende, desafiando os cristãos à acção. “Espero que os cristãos europeus aproveitem a oportunidade para ajudar a Europa”.

 

Construir a dignidade da pessoa humana

[[i,d,616,Dias Sociais para a Europa – Polónia]]Maureen Junker-Kenny, Professora de Teologia na Irlanda, apresentou pistas para a construção da dignidade humana nas democracias europeias sustentando a individualidade de cada pessoa, defendendo a justiça não como uma opção mas como critério estrutural no sistema político, a solidariedade como mentalidade e a subsidiariedade que permite a cada um desenvolver-se a partir, antes de tudo dos seus recursos, e depois pela ajuda de estruturas em que está inserido.

Nas sociedades, como na Igreja, é o exercício deste princípio, identitário da doutrina social da Igreja, que permite o desenvolvimento pessoal e social. Para esta professora de teologia, também a Igreja Católica age de acordo com este princípio, através de estruturas locais e depois globais. “Estes 4 elementos ajudarão a solidificar a democracia europeia”, referiu na sua intervenção nos “Dias Sociais Católicos para a Europa”.

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