Boa Época de Cinema

Com a aproximação da entrega dos Oscars – que o acordo de princípio entre produtores e argumentistas parece viabilizar – a previsível invasão de estreias de filmes nomeados está em pleno, em torno de dia 24. Tome-se como exemplo o dia 21, em que têm lugar apenas três estreias, entre elas “Juno” e “Michael Clayton”, ambos nomeados para o Melhor Filme do ano. O terceiro, “Persépolis”, está na lista dos indicados para Melhor Filme de Animação. E, note-se, os restantes possíveis como melhor filme ou já estrearam em Portugal (“Expiação” e “Haverá Sangue”) ou num caso foi escolhido o dia 28 do corrente, apenas 4 dias depois de reveladas as decisões definitivas (“Este País não É para Velhos”), enquanto no cinema de animação há apenas mais dois nomeados (“Ratatui” e “Dias de Surf”) ambos já no nosso circuito comercial desde 2007. Fevereiro, com extensão no mês de Março, torna-se assim uma boa época para ir ao cinema, encontrando-se em cartaz uma selecção de filmes de qualidade acima da média. De todos estes filmes merece uma referência especial “Persépolis”, um desenho animado destinado sobretudo a um público adulto, ao contrário do que é habitual neste género cinematográfico. O tema desenvolve-se a partir de uma banda desenhada autobiográfica em que a autora, Marjane Satrapi, nos descreve a sua vida ao longo de diversas situações dramáticas do país em que nasceu, o Irão. A queda do Xá, a implantação de um governo islâmico que destruiu as ilusões de seus pais e muitos outros iranianos, a emigração e o regresso à pátria onde frequentará Belas Artes, mantendo o seu espírito contestatário. Narrar uma vida atribulada como esta em desenhos animados não é fácil, pelo que o trabalho executado em colaboração com Vincent Paronnaud se pode considerar um exemplo ímpar do tratamento de um tema social de fortes vertentes dramáticas, num género cinematográfico em geral destinado a romances inócuos ou simples comédias para os mais novos. Francisco Perestrello

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