Entrevista ao jornal do Vaticano aborda conversão ao catolicismo
O antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair defende que a religião deve ter um “papel central, único, na sociedade e para o seu desenvolvimento”, e acredita que afirmar isso “não significa que acabaram os debates ou as oposições”.
Numa longa entrevista publicada pelo Jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, Blair fala da sua conversão ao catolicismo, da família, do seu trabalho como pai, dos seus gostos pessoais e do preconceito contra os católicos na política.
Admitindo que muitas pessoas querem deixar a religião “fora da esfera pública”, Tony Blair advoga que a religião tem um papel importante. Apesar disso, refere que “em muitos temas a Igreja estará de um lado e os líderes políticos do outro”.
“A questão é que a fé tem pleno direito a entrar neste espaço e falar. Não deve calar-se. Não só é importante que as coisas se resolvam de forma correcta, mas também que a voz da fé não esteja ausente do debate público”, indica.
Ainda assim, Tony Blair admite que “a recente entrada em cena do Islão” veio reduzir o espaço da religião na política.
Num tom mais pessoal, o britânico lembra que a sua bisavó o aconselhou a “não casar com uma católica”, algo que viria precisamente a fazer. O jornal do Vaticano apresenta-o como um “gentleman”.
“A minha viagem espiritual começou quando passei a ir à Missa com a minha mulher. Depois, quando decidimos baptizar os nossos filhos na fé católica”, revela. Blair diz que, com o tempo, “pareceu-me que emotiva, intelectual e racionalmente a (Igreja) Católica era a casa certa para mim”.
O antigo primeiro-ministro admite que “a nossa cultura mediática” gera nos líderes políticos algum receio em relação à abordagem pública da fé, destacando as diferenças que existem, nesta matéria, entre EUA e Europa.