Indulto de Chávez a presos políticos deve ser o primeiro passo A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) lançou um grito de alerta, no final da sua 83ª assembleia plenária, exigindo que o país caminhe para a reconciliação nacional, com um “diálogo autêntico” entre governo e oposição. “Com vinganças, exclusões e abusos não construiremos uma Venezuela humana, justa, solidária e fraterna”, assinalam os Bispos num documento intitulado “Diálogo e perdão para a paz”. Os prelados afirmaram que “um gesto” que permitiria iniciar esse processo de reconciliação um indulto do presidente Hugo Chávez para todos os presos políticos, tanto civis como militares. O Arcebispo de Cumaná, D. Diego Cadastro, informou que “imediatamente enviaremos uma carta ao Presidente, formalizando esta proposta de indulto”. Manifestando uma “grande preocupação pela aprovação de leis com carácter decididamente punitivo, que entram em contradição com o espírito dos princípios e direitos consagrados na Constituição e nos tratados internacionais subscritos pelo Estado venezuelano”, os bispos criticaram a aprovação das leis de Responsabilidade Social em Rádio e Televisão (Lei de Conteúdo) e a reforma do Código Penal pois “ameaçam a liberdade civil”. A CEV pede ao Estado que dê prioridade à legislação social e educativa, “sem privilegiar uma normativa repressiva ou punitiva”, lembrando a necessidade de preservar antes de tudo “a protecção integral da vida, da dignidade e dos direitos inalienáveis da pessoa humana”. No texto, os bispos alertaram que “uma sociedade em que se restrinja, embora legalmente, a liberdade de opinião e o desacordo, e em que se imponha, sem mais, a decisão da maioria sem deixar espaço ao intercâmbio e conjunção de propostas, fecha praticamente o caminho da verdade, que não é monopólio de nenhum sector em particular”. Finalmente, os bispos destacaram “o esforço” que o Executivo realizou, através das missões, para atender aos sectores menos favorecidos. Durante o encerramento da assembleia, a CEV revelou que no próximo dia 24 de Março, os bispos venezuelanos recordarão os 25 anos do assassinato do Arcebispo de San Salvador, D. Oscar Arnulfo Romero, por seu exemplo na luta em defesa dos direitos humanos. A homenagem coincidirá com a celebração da quinta-feira santa. D. Oscar Romero foi assassinado com um tiro no peito, durante uma celebração eucarística, por um esquadrão da morte, durante a guerra civil em El Salvador (1980-1992). Os bispos venezuelanos querem que o exemplo de vida de D. Romero “seja seguido por todos os fiéis, como máximo testemunho de fé, exigido daqueles que defendem os direitos humanos”.
