Bispos portugueses pedem mais respeito pela acção dos Religiosos e Religiosas

Nota pastoral assume crise de vocações e destaca papel social das Congregações A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) acaba de publicar uma Nota Pastoral sobre as Ordens e Congregações Religiosas em Portugal, na qual pede “maior compreensão e apreço pela vida religiosa” no nosso país. O documento, que assinala os 50 anos das duas federações dos religiosos: a CNIR (Conferência Nacional dos Superiores Maiores dos Institutos Religiosos) e a FNIRF (Federação Nacional das Superioras Maiores dos Institutos Religiosos). “Queremos, neste momento e por este modo, recordar e assinalar, com gratidão e admiração, o que a Igreja em Portugal deve aos religiosos e religiosas, pelo seu trabalho e zelo em tempos passados e, actualmente, pela sua acção diária, percorrendo, ontem e hoje, os caminhos do Evangelho vivo que Jesus proclamou”, escrevem os Bispos. Em Maio de 2004, o “Inquérito sobre os religiosos em Portugal”, efectuado pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa mostrou que 42% dos portugueses não têm conhecimento da existência de religiosos na Igreja Católica. A Nota da CEP lembra agora a acção que os Institutos Religiosos desempenham “no campo da cultura, educação, comunicação social, saúde, no cuidado dos mais pobres, na entrega abnegada a crianças e adolescentes, na dedicação, sem limites, aos idosos das instituições, na entrega diária a doentes do foro psíquico, no acolhimento privilegiado aos jovens de todas as condições, na assistência e promoção das famílias mais vulneráveis e fragilizadas”. A este respeito, os números falam por si: na educação há 117 estabelecimentos, que servem perto de 40 mil utentes, empenham 659 religiosos e empregam 4661 funcionários. As Instituições de Solidariedade Social chegam a 23736 portugueses, através de 218 estabelecimentos e mais de 4000 trabalhadores, entre religiosos e funcionários. A CEP não deixa de lembrar, a este respeito, “a espoliação dos bens, casas e obras de arte, que atingiu a Igreja em Portugal nos séculos XIX e XX, que enriqueceu o Estado de imóveis monumentais e encheu os seus museus de valiosas obras de arte”, referindo que estes acontecimentos atingiram, de um modo especial, “as ordens e congregações religiosas”. “Muitos destes bens aí estão, para que gente sem preconceitos possa reconhecer a sua origem e sentido e usufruir da riqueza de um património histórico e artístico, que não se entenderá senão na sua referência à acção pastoral e cultural da Igreja nas dioceses e instituições religiosas”, apontam. Crise de vocações A Nota Pastoral “As Ordens e as Congregações Religiosas em Portugal” reconhece que estas também vivem “alguma crise em relação a novas vocações”, pedindo às comunidades católicas que se sintam estimuladas a colaborar na “promoção das vocações de consagração”. “Tem de se intensificar o esforço pastoral em relação ao aprofundamento da fé e à vivência evangélica por parte dos jovens. Temos de fazer propostas directas de seguimento radical de Jesus Cristo aos que já as podem entender e convidá-los a responder com sinceridade e liberdade interior”, refere a CEP. “Há que acreditar que a mediação da Igreja, expressa através dos seus primeiros responsáveis, dos seus membros activos e das suas comunidades, é indispensável para o bom êxito da pastoral vocacional”, acrescenta o documento. Os Bispos dedicam ainda um olhar especial às relações entre a Comunidade Religiosa e a Igreja Diocesana, frisando que “a unidade efectiva e o mútuo afecto entre o Bispo e todos os consagrados da sua Diocese, constituem uma referência eclesial indispensável”. A Nota deixa mesmo um forte apelo “à maior inserção de todos os religiosos e religiosas, pela riqueza dos dons próprios e de harmonia com a sua condição, no serviço diversificado da Igreja Diocesana, como Igreja de Cristo, localizada num território concreto”. “Nas paróquias onde existem comunidades religiosas disponham-se os seus membros, mais do que a substituir os leigos nos trabalhos apostólicos, a colaborar na sua formação e a estimulá-los, pelo testemunho da sua vida pessoal e comunitária, a prosseguirem nos caminhos da santidade, na disponibilidade para o serviço aos irmãos e na vivência comunitária”, alertam. Em relação ao futuro, a CEP lembra que as duas federações estão a caminhar para uma nova estrutura, comum, “que, respeitando a autonomia de cada um, permitirá actualizar e viabilizar, no contexto actual, a maior colaboração de ambos, tanto no campo da formação, como do apostolado que lhes é próprio e, também, da sua participação na pastoral orgânica das Igrejas Particulares ou diocesanas, em Portugal ou em terras de missão”. Nota Pastoral da CEP • As Ordens e as Congregações Religiosas em Portugal Dados gerais sobre os religiosos em Portugal CNIR – Conferência Nacional dos Superiores Maiores dos Institutos Religiosos Institutos federados – 38 Total de membros religiosos – 1.917 Religiosos que residem em Portugal – 1.375 Religiosos que trabalham nas Missões “ad Gentes” – 455 Religiosos que trabalham com emigrantes / residem no estrangeiro – 87 Religiosos em formação ( professos, escolásticos, irmãos) – 203 FNIRF – Federação Nacional das Superioras maiores dos Institutos Religiosos Femininos Institutos – 107 Comunidades Religiosas – 738 Total de membros – 6.539 Religiosas a residir em Portugal – 5.919 Religiosas nas Missões “ad Gentes” – 447 Religiosas a residir no estrangeiro – 294 Juniores (total incluído no total de membros a residir em Portugal) – 210 ENSINO/COLÉGIOS Estabelecimentos – 117 Utentes – 39461 Funcionários – 659 religiosos; 4661 leigos IPSS Estabelecimentos – 218 Utentes – 23736 Funcionários – 792 religiosos; 3693 leigos LARES Estabelecimentos – 57 Utentes – 1161 universitários e 1026 idosos Funcionários – 263 religiosos; 521 leigos OUTRAS OBRAS Estabelecimentos – 57 Utentes – 70.000(centros de formação, espiritualidade e retiros); 5573 (hospitais, casas de saúde, Saúde mental); 1832 (outras). Funcionários – 406 religiosos; 3548 leigos.

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