Em mensagem para a cimeira «Rio+20», responsáveis católicos na Europa consideram que a tónica do desenvolvimento está demasiado centrada na circulação de bens
Bruxelas, 21 jun 2012 (Ecclesia) – Os bispos europeus consideram que a busca por uma “economia verde”, em destaque na conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável (Rio+20), será infrutífera se incluir apenas alterações à produção e não ao consumo.
Numa mensagem endereçada aos líderes mundiais que estão a participar na “Cimeira do Planeta”, na cidade brasileira do Rio de Janeiro, a Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) refere que, para ganhar relevância, o debate deverá fornecer “mudanças” que levem as pessoas a “separar o essencial do supérfluo”.
Segundo o documento, assinado pelo presidente daquele organismo católico, o cardeal Reinhard Marx, “o modelo atual de consumo dá demasiada importância à circulação de bens materiais e tende a ignorar outras dimensões do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana”.
O arcebispo de Munique, na Alemanha, diz que é preciso fazer com que o fator “económico” deixe de estar “no centro” do desenvolvimento humano, abrindo assim espaço a outras medidas de crescimento, relacionadas por exemplo com “o índice de educação” e a “esperança média de vida” em cada país.
A proteção do meio ambiente e dos recursos naturais do planeta é outra das prioridades a tratar durante a cimeira ‘Rio+20’, que termina esta sexta-feira, e que decorre sem a presença de alguns dos principais responsáveis políticos com assento na ONU, como o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel.
Abordando concretamente a questão do “aquecimento global”, uma das principais ameaças à sobrevivência da Terra, o cardeal Marx sublinha que a “responsabilidade” por aquele problema “recai em primeiro lugar nos países mais desenvolvidos”.
“Os países do Norte, e da União Europeia em particular, deveriam assumir a quota mais alta”, na resolução da questão, aponta o líder da COMECE, que defende ainda a “atribuição de condições especiais às nações mais desfavorecidas”, indo ao encontro do que ficou determinado na primeira cimeira do Rio, em 1992.
O representante máximo do organismo, que reúne delegados vindos de 26 conferências episcopais do Velho Continente, alerta que a definição de soluções rumo ao desenvolvimento sustentável é “mais urgente do que nunca, num mundo onde milhões de pessoas são obrigadas a conviver diariamente com a falta de comida, de água potável, de energia, saúde e educação”.
Todas as medidas saídas da cimeira terão sempre que “ir ao encontro das necessidades básicas das pessoas, especialmente aquelas relacionadas com os pobres, os marginalizados e também com as futuras gerações”, conclui o texto publicado pela COMECE.
JCP