Bispos pedem apoio para instituições sociais

Conferência Episcopal prepara nota pastoral com apelo à «solidariedade» dos portugueses

Fátima, Santarém, 11 out 2011 (Ecclesia) – O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) abordou hoje em Fátima a situação social e económica do país, tendo apelado à proteção das instituições que trabalham junto dos “mais frágeis”.

Em declarações aos jornalistas, no final do encontro, o padre Manuel Morujão, secretário da CEP, disse que “é importante ter em conta que a exigência deve ser proporcional à capacidade” de resposta, após ser questionado sobre as eventuais consequências de um aumento da carga fiscal para as Instituições de Solidariedade Social.

“Governar é um exercício de interatividade”, afirmou, algo que exige atenção às “necessidades” e avaliar se “a sociedade, em concreto, pode responder às exigências” criadas pelo executivo.

“Se exigimos tanto jejum a um subnutrido, pode morrer com a cura que se lhe quer aplicar”, alertou o sacerdote, acrescentando que “proteger é um verbo a conjugar com os mais fracos”.

O porta-voz do episcopado anunciou que está em preparação uma “nota pastoral” sobre a atual situação de crise, que vai ser discutida na próxima assembleia da CEP, em novembro, “tendo em conta como todos os cidadãos devem colaborar para o bem comum”.

“Os bens particulares não podem sobrepor-se ao bem comum, aliás, não são partidos opostos, devem ser forças convergentes”, assinalou.

O responsável declarou que “as macrossoluções não caem do céu, mas vêm das microajudas” e que “sem a força da solidariedade, uma sociedade desagrega-se”.

“Todos os que estamos no mesmo barco da nação, da sociedade portuguesa, temos de remar em conjunto, cada um com a sua responsabilidade”, disse o padre Manuel Morujão, alertando contra interesses corporativistas num momento de “urgências sociais”.

O secretário da CEP considerou “fundamental não estar a lutar contra a tempestade da crise em vão”, antes de defender que a “quem mais tem, quem mais responsabilidades tem, mais lhe incumbe ajudar”.

“Todos temos de ter consciência, sobretudo os mais ricos, que há outros que passam mal”, apontou ainda.

Num momento difícil, em que se prevê “o agravar das medidas” de austeridade, o sacerdote considerou possível “olhar para o futuro com esperança”, lembrando gestos de solidariedade “por parte dos católicos” e da sociedade civil.

“Precisamos de nos unir”, frisou o secretário da CEP, para quem “a presente cirse é um mal, é uma doença que não se cura com aspirinas, será preciso aceitar antibióticos, medidas que naturalmente serão duras”.

O porta-voz do episcopado sublinhou a necessidade de uma “ajuda especial”, por parte da sociedade, para “aqueles que não têm possibilidade de ultrapassar a presente crise”, aludindo, em particular, a “desempregados” e “famílias endividadas”.

Perspetivando o próximo Orçamento de Estado, a ser aprovado quinta-feira, o padre Manuel Morujão destacou que “todos os indicadores sociais” e “o próprio governo” preveem que o “amanhã” será “mais difícil do que é hoje”.

O Conselho Permanente da CEP é um órgão delegado da assembleia dos bispos católicos, com funções de preparar os seus trabalhos e dar seguimento às suas resoluções, reunindo ordinariamente todos os meses.

OC

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