A conferência episcopal norte-americana (USCCB) procura por todos os meios dar sinais do seu compromisso actual na protecção das crianças e adolescentes em relação aos abusos sexuais por parte de membros do clero. Depois de tornar públicos dois relatórios sobre a extensão e a causa desses casos nos últimos 50 anos, a USCCB decidiu publicar anúncios em dois jornais de grande tiragem – USA Today e The New York Times – em que se lê “Compromisso de proteger. Promessa de curar”. A campanha da Igreja Católica dos EUA, com o objectivo de recuperar a credibilidade junto dos fiéis e da sociedade em geral, tem passado por reconhecer o que aconteceu e reiterar a intenção de que tais actos não se repitam. “Ao olhar para os casos passados de comportamentos abusivos de menores que envolveram clérigos, reconhecemos o pecado, arrependemo-nos e expressamos o nosso firme propósito de fazer o que for necessário para assegurar que os padrões de abuso no passado nunca mais se repitam”, pode ler-se no anúncio publicado pela USCCB. Cerca de setecentos sacerdotes ou diáconos foram removidos do seu ministério nas dioceses católicas dos Estados Unidos desde o ano 2002, após as medidas tomadas pelos Bispos para enfrentar os casos de abusos sexuais. D. Wilton Gregory, presidente da USCCB, assegurou na semana passada que “os abusadores conhecidos já não estão no ministério sacerdotal”. Mais de 4.000 padres norte-americanos foram considerados culpados de abusos sexuais a menores entre 1950 e 2002, segundo um relatório da Conferência episcopal dos Estados Unidos, divulgado pela USCCB. O relatório sobre o envolvimento de padres e diáconos em casos de pedofilia refere-se ao período entre 1960 e 1984 e foi elaborado pelo Instituto de Criminalística John Jay College, de Nova Iorque. A investigação concluiu que, nos últimos 50 anos, 4392 padres e diáconos foram acusados da prática de pedofilia, número que corresponde a cerca de 4% do clero dos EUA. O relatório apresentado pela Conferência Episcopal refere que, nas 195 dioceses, houve 10667 queixas, mas destas o tribunal apenas prosseguiu com 6700 casos. Três quartos destes abusos ocorreram entre 1960 e 1984, com os anos 70 a serem os mais negros. Segundo o mesmo relatório, os custos destes escândalos atingem os 573 milhões de Dólares, aos quais é preciso ainda acrescentar 85 milhões de indemnização já entregue às vítimas.