Bispos europeus denunciam discriminações sobre os migrantes

Congresso sobre as migrações organizado pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa decorre até Sábado, em Espanha

Bento XVI quer que os países dêem aos migrantes a “esperança de verem reconhecidos os seus direitos” e lhes proporcionem “uma vida digna em todos os aspectos”.

As palavras do Papa foram lidas esta Terça-feira, na abertura do oitavo congresso europeu sobre as migrações que decorre até Sábado na cidade espanhola de Málaga, organizado pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa.

O encontro, dedicado ao tema “A Europa e as pessoas em movimento. Superar os medos. Traçar perspectivas”, conta com a presença de cerca de cem participantes, entre bispos, directores, agentes de pastoral e responsáveis da sociedade civil e do mundo político.

O presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes, D. Antonio Maria Vegliò, insistiu na necessidade de prosseguir os esforços de conceder a “adequada atenção pastoral a todos os que sofrem as consequências de ter abandonado a sua pátria ou que se sentem sem uma terra de referência”.

Por seu lado, o Cardeal Josip Bòzanic, arcebispo de Zagabria, apelou a que a “lógica da caridade” presida às medidas sobre os migrantes, que “devem ser aceites como pessoas e não serem tratados como objectos, ferramentas ou escravos”.

Na manhã de Quarta-feira, D. Antonio Vegliò condenou a política defensiva das fronteiras na Europa e classificou de inaceitável “a trilogia ‘imigração, criminalidade e terrorismo e insegurança’”, que conduz ao nascimento de “continentes blindados”, onde os migrantes são e serão cada vez mais “um exército de invisíveis” prontos a serem chantageados e explorados.

Calcula-se que nos 27 estados da União Europeia vivam 24 milhões de imigrantes, a maior parte proveniente de países da União, enquanto que os imigrantes irregulares serão entre quatro milhões e meio e oito milhões.

No entender do presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes, os estranhos são vistos como “uma ameaça à cultura e à identidade, à ordem e à segurança”, bem como ao mercado de trabalho.

De acordo com o cardeal, quer transmitir-se a ideia de que os migrantes são os causadores da instabilidade para “criar na opinião pública a imagem de um Estado vigilante e preocupado com a segurança dos seus cidadãos, alimentando o medo do outro”.

“Na actual situação de crise do Estado-Nação” – prosseguiu D. Antonio Vegliò – pretende-se oferecer segurança “sem valorizar suficientemente o facto de a sociedade europeia se ter tornado efectivamente multicultural, multiétnica e multirreligiosa”.

A Igreja, concluiu o responsável, “continuará a acolher com fraternidade os migrantes provenientes de Igrejas irmãs”.

Com agências

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Agência ECCLESIA

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