A Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) publicou esta Terça-feira uma mensagem nos 120 anos da abolição da escravatura, uma ocasião para “olhar com atenção para a situação dos afro-brasileiros. Muitos ainda estão presos ao cativeiro da miséria e da exclusão social”. “A libertação aconteceu legalmente em 1888, mas hoje é necessário reafirmarmos o compromisso para que todos os afro-brasileiros tenham condições de vida cidadã complementando o acto de 13 de Maio de 1888. A liberdade para estes homens e mulheres descendentes dos alforriados em 1888 não aconteceu na sua plenitude”, lamenta a CNBB. Os Bispos defendem que “o Brasil tem uma dívida para com o povo negro. Nos três séculos de trabalho escravo eles ajudaram a construir as bases do desenvolvimento deste país sem receber nada em troca a não ser o alimento para suportarem o trabalho”. “A dívida ainda não foi paga. O caminho do saneamento para esta dívida histórica passa pelo apoio às políticas públicas de inserção dos afro-brasileiros na vida cidadã. A miséria e a exclusão em que vivem atestam a não cidadania”, pode ler-se. Para a presidência do organismo episcopal, a decisão que hoje se comemora “respondia ao princípio cristão que dizia que escravidão era a negação do evangelho pregado por Jesus e anunciado nestas terras”. “A Igreja Católica é solidária com a comunidade negra e renova o seu compromisso de apoio aos afro-brasileiros na sua busca por cidadania plena e da plena liberdade, sinal concreto da liberdade que o Reino pregado por Jesus oferece”, conclui o documento assinado por D. Geraldo Lyrio Rocha, presidente da CNBB, D. Luiz Soares Vieira, vice-presidente da CNBB e D. Dimas Lara Barbosa, secretário-geral da CNBB.