Situação no país é insuportável Os bispos da Venezuela manifestaram publicamente o seu apoio ao Referendo Revogatório Presidencial proposto contra o presidente Hugo Chávez, como “única solução para superar a tentação de recorrer à violência para dirimir as diferenças políticas e sociais”. A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) emitiu um comunicado após a Assembleia Extraordinária convocada perante a crise económica, social e política que esse país atravessa. “A progressiva deterioração das instituições, a ameaça de um colapso nacional, a tentação de recorrer à violência para dirimir as diferenças políticas e sociais, levam-nos a apoiar a consulta popular, com vistas a uma solução pacífica democrática e eleitoral à crise do país”, afirma o documento. “Descartadas outras formas possíveis, a sociedade chegou ao consenso de assumir o Referendo Revogatório Presidencial como mecanismo constitucional adequado”, acrescentam. O presidente Chávez incitou o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela para que rejeite a petição do referendo revogatório. Os dirigentes da oposição venezuelana afirmam que o presidente manipula as autoridades eleitorais para sabotar a consulta. “Solicitamos ao poder eleitoral transparência e agilidade. Impedir ou retardar, indevidamente, o exercício deste direito, pondo obstáculos e argumentando legalismos, é uma grave injustiça, contradiz os compromissos adquiridos entre as partes em conflito e representa uma ameaça à paz”, afirmam os bispos. A CEV defende que “é o povo soberano que deve decidir o futuro do país” e crítica o Governo pela utilização de represálias contra a oposição, lembrando os casos “dos trabalhadores despedidos, ou privados de seus direitos e benefícios sociais, por terem assinado o pedido de referendo ou por divergirem de políticas governamentais”. Os bispos católicos compartilham “a angústia de tantos venezuelanos pelas reiteradas violações a seus direitos fundamentais e pela dissolução do Estado de Direito”. “Rejeitamos a violência, venha de onde vier. Denunciamos as desmedidas repressões por parte das forças de segurança, com o trágico saldo de mortos, as privações de liberdade, as torturas e humilhações; denunciamos a persistência desta situação, o abrigo da impunidade e as arbitrariedades”, apontam. Em Janeiro deste ano, a CEV tinha lançado um apelo em favor da paz neste país sul-americano, atravessado por uma grave crise social, económica e política. “A direcção que o país está a seguir coloca em discussão a democracia participativa e a independência dos poderes públicos, tende a favorecer o centralismo, o estatalismo, pelo que é justo acusar alguns grupos e lideres políticos de procurarem exclusivamente os seus interesses”, acusavam os prelados.
