A Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) lançou ontem uma campanha contra a corrupção eleitoral num ano em que o povo brasileiro será chamado a ir a votos. O presidente da CNBB, Cardeal Geraldo Majella Agnelo, explicou na apresentação da iniciativa que “o ano eleitoral apresenta-se como uma oportunidade para um debate amplo e profundo sobre os rumos do País e da sociedade brasileira”. A CNBB lamenta a existência de um “certo desânimo com a política, principalmente no meio da nossa juventude”, ligada em especial a notícias de corrupção divulgadas há alguns meses. “Neste momento, a CNBB quer trazer uma palavra de alento e esperança. Sejamos perseverantes no caminho do bem e da ética. Sabemos da necessidade de uma reforma política que garanta mais igualdade na disputa eleitoral, sem interferência do poder económico”, escrevem os Bispos. O Cardeal Geraldo Majella Agnelo reafirmou a importância do voto consciente, frisando que “é necessário conhecer a trajectória de vida dos candidatos para escolher em quem votar; é preciso conhecer também as propostas e ideias que defendem”. “Depois desta reflexão e do voto com responsabilidade, é preciso também acompanhar o mandato dos eleitos, colaborando e cobrando o cumprimento dos compromissos de campanha”, acrescentam. A CNBB considera de grande importância a luta contra a corrupção eleitoral, “visto que somente assim haverá respeito pela vontade do povo, em busca de eleições mais éticas”. Esta campanha de combate à corrupção eleitoral conta com a participação popular e das organizações da sociedade civil que criam comités locais de combate à corrupção. A CNBB elaborou também um documento com orientações para as eleições de 2006. O secretário-geral do organismo episcopal, D. Odilo Pedro Scherer, lembra que “a Igreja, como Instituição, não vai indicar candidatos nem vai estar neste ou naquele partido”, mas que os cristãos, enquanto membros da sociedade “são sujeitos políticos e não deixam de fazer política”. “A campanha eleitoral deveria servir para promover grandes debates sobre o que é importante para o Brasil, qual rumo o Brasil deveria tomar, que projecto de Nação deveríamos ter em mente”, explica.