Bispos apreensivos com a crise política

Presidente da Conferência Episcopal critica falta de estabilidade. Primeiro-ministro José Sócrates apresentou demissão

Lisboa, 23 Mar (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga, criticou hoje a falta de “estabilidade” política no país, apelando a uma maior “transparência e esclarecimento da situação”.

O prelado falava horas antes de o primeiro-ministro, José Sócrates, ter apresentado o pedido de demissão ao presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, na sequência do chumbo, no Parlamento, da nova versão do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC).

O arcebispo de Braga questionava, em declarações à Agência ECCLESIA, qual era “a estabilidade e o crescimento dos outros PEC’s” anteriormente aprovados.

Segundo este responsável, “apenas se vêem os sacrifícios do povo português”, sem falar “no todo da realidade”.

O bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, aguardava “com preocupação” o desenrolar dos acontecimentos, esperando que haja “um contributo válido para o esclarecimento da situação” em Portugal.

O país vive “momentos difíceis” e está “em suspenso” num momento em que tudo leva a “acreditar que vai haver uma mudança significativa ao nível governativo”, realçou o prelado.

D. António Vitalino, bispo de Beja, não antecipava cenários políticos, mas deixava uma certeza: “Quando não há confiança num governo, é fundamental mudar”.

Foram apresentadas “medidas atrás de medidas”, no entanto os governantes “não prestaram contas das «coisas» que se fazem, nem como gastam o dinheiro”, sublinha o bispo de Beja.

Com o cenário político a enveredar para novas eleições, este responsável pede aos políticos “menos demagogia e mais esclarecimento”.

Já para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) é fundamental “colocar o interesse nacional acima dos interesses pessoais ou partidários”, só assim será possível “ultrapassar os momentos difíceis”.

Se o interesse nacional estiver no topo das prioridades, D. Jorge Ortiga afirma que quem “ganha é o povo português e, especialmente, os mais carenciados”.

A este respeito, D. Ilídio Leandro afirma que a Igreja portuguesa está atenta às situações de fragilidade e tem “sido uma ajuda preciosa a quem tem mais dificuldades”.

O Parlamento aprovou ao início da noite cinco resoluções de rejeição do PEC proposto pelo Governo, incluídas em projectos de resolução da oposição, abrindo caminho à demissão do executivo liderado por José Sócrates.

Em comunicado publicado pelo site da Presidência da República, adianta-se que “com vista à resolução da situação política decorrente do pedido de demissão do primeiro-ministro, o presidente da República, nos termos constitucionais, irá promover, no próximo dia 25, audiências com os partidos representados na Assembleia da República, mantendo-se o Governo na plenitude de funções até à aceitação daquele pedido”.

LFS/OC

Notícia actualizada às 21h09

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