Mais de uma centena de pessoas morreram hoje nos combates entre milícias islâmicas e tropas oficiais somalis apoiadas pela Etiópia. Os violentos confrontos recomeçaram esta quarta-feira numa localidade ao norte da cidade de Jowhar, centro da Somália. A cidade era reduto do Conselho dos Tribunais Islâmicos (CTI), a milícia islâmica que enfrenta o governo e que agora controla apenas a capital e parte da costa do país. Os combates entre as forças governamentais, apoiadas pela Etiópia, e as milícias islâmicas começaram a 20 de Dezembro, principalmente perto de Baidoa, sede do governo provisório, e no centro da Somália. Para o Administrados Apostólico de Mogadíscio, D. Giorgio Bertin, a actual situação só acontece “porque ambas as partes não quiseram procurar uma verdadeira mediação”. “Todos quiseram o poder para si próprios e, por isso, não se poderia esperar outra coisa senão a guerra. A comunidade internacional, contudo, pode sempre desempenhar um papel e procurar convencer as partes a se encontrarem, verdadeiramente, e a discutirem”, refere o prelado à Rádio Vaticano. Este responsável lembra que a presença militar etíope já se fazia sentir nos últimos meses, sendo os soldados da Etiópia apresentados oficialmente como “instrutores para o exército somali”. A prioridade deste momento, segundo D. Bertin, deveria ser a “reconstrução do país e da paz” e não a obtenção do poder. As partes em conflito devem “sentar-se à mesma mesa” para procurar obter a paz para a Somália, conclui. Entretanto, a agência missionária MISNA dá conta da extensão do confronto à zona de Lego, 120 quilómetros a Oeste de Mogadíscio, onde se encontra uma das principais bases do CTI. Mohammed Dheere, que governava Jowhar antes de a cidade ser tomada pelo Conselho dos Tribunais Islâmicos em Junho, prometeu hoje à população que irá atacar Mogadíscio já amanhã, acrescenta a MISNA. O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, advertiu esta terça-feira para a possibilidade de um novo deslocamento maciço da população. “Apelo a todas as partes combatentes a respeitar os princípios humanitários e a proteger as populações civis”, declarou Guterres. (Com Agências)