Bispo mantém greve de fome no Brasil

O Bispo de Barra, D. Luiz Flávio Cappio, chega hoje aos 21 dias de greve de fome contra a obra da transposição do Rio São Francisco, o terceiro maior do país. O prelado decidiu manter a greve apesar do pedido feito pelo Vaticano de alterar a sua posição. “O Vaticano fez um pedido, uma recomendação (para que pare a greve de fome), mas respeitando a decisão do Bispo”, disse Rubén Siqueira, porta-voz do prelado. Já em 2005 o Bispo tinha tomado esta atitude, tendo abandonado a greve após um compromisso governamental de submeter o projecto a debate público. Agora retoma a greve por se dizer “enganado”. O Núncio Apostólico no Brasil, D. Lorenzo Baldisseri enviou a D. Luiz Cappio uma carta na qual pediu a suspensão da greve de fomem como o próprio revelou, “para voltar ao meu trabalho na diocese”. Na Quinta-feira, em nota oficial, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convidou os cristãos a “unirem-se em jejum e oração” ao Bispo. No projecto de transposição, o governo federal pretende bombear parte da água do rio São Francisco (cerca de 1%), para beneficiar moradores do semi-árido dos Estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, onde vivem 12 milhões de pessoas. O rio São Francisco é o terceiro maior do Brasil, atravessando 5 Estados do Nordeste: possui 3163 quilómetros quadrados de extensão e sua bacia tem 640 mil quilómetros quadrados de área, o que equivale a sete vezes o território de Portugal continental. As obras estão paradas por decisão judicial desde a passada Sexta-feira porque o projecto “atenta contra o Plano Nacional de Recursos Hídricos”, já que o seu possível impacto ainda não foi bem estudado e viola o princípio de descentralização da gestão de água.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top