As políticas para a família devem ser melhor pensadas, defende D. António Marcelino. “Hoje, dá-se mais atenção ao casal e menos à família no seu todo”, como exemplifica a recente a lei do divórcio. “A legislação do divórcio situa-se no ambiente em que estamos a viver, ou seja, como tem menos importância a política familiar do que a conjugal, automaticamente os Estados passam a ajudar mais os casais nos seus direitos e apetências. A legislação vai nessa linha. Por outro lado, também hoje, o Estado não faz distinção entre o público e o particular, intervém na vida dos casais com muitas coisas, quando o que devia fazer era ponteciar a família para as realizar e não substituir a família”, explicou o Bispo emérito de Aveiro em entrevista ao Jornal da Madeira.. Questionado sobre se a família em Portugal goza de boa saúde, responde que “ninguém está bem quando pode estar melhor. Temos todos de caminhar sempre. A família que se julga bem já está em perigo, se não se valorizar, se não se defender e intervir”. Quanto a tomadas de decisão mais prioritárias, considera que é necessário atender a “todos os valores da sociedade de hoje na linha da personalização, da igualdade e da participação, com a intervenção todos na vida familiar, cada um com a sua realidade (pai, mãe, filhos), sem que haja um nivelamento, antes, respeito pelas diferenças e não em termos de inferioridade/superioridade. Isto é importante porque muitas vezes as rupturas começam aqui, na ausência de diálogo ou falta de comunhão”. Outro aspecto a merecer reflexão é o “chamado inverno demográfico” ou baixa da natalidade: “estamos muito abaixo de poder recompor a sociedade. Os países europeus já acordaram para este problema, nós ainda não. Não há política a favor da natalidade quando em Portugal os problemas se resolvem com persevativos, com anti-concepcionais”, aponta. A Igreja não pode deixar de se preocupar com esta realidade, ela “está integrada num conjunto de entidades que procuram ajudar e a promover a família. É importante também que se respeite e se aceite a Igreja com parceiro”, considera D. António Marcelino. Para o Bispo do Funchal, a Jornada teve o mérito de ser uma “consciencialização dos problemas e uma reflexão conjunta de pontos de vista complementares. Estou convencido que encontraremos propostas concretas para uma dinamização da pastoral familiar tal como a desejamos na nossa diocese”, disse D. António Carrilho ao JM.