D. Manuel Clemente lembrou significados da expressão «Corpo de Deus»
As implicações da comunhão eucarística na atenção aos mais desfavorecidos estiveram no centro da homilia que D. Manuel Clemente proferiu esta manhã na missa do Corpo de Deus.
“Que grande é a responsabilidade de estarmos aqui, celebrando o Corpo e o Sangue do Senhor”, afirmou o bispo do Porto, sublinhando a “enorme consequência” que eles devem ter “na vida que levarmos e no que fizermos dela”.
A alocução fundamentou-se nos três “inseparáveis” significados da expressão “Corpo de Deus”, que se refere a Jesus Cristo enquanto nascido de Maria, à hóstia consagrada que constitui o sacramento da Eucaristia e também à Igreja enquanto instituição formada por órgãos que, apesar de serem diferentes, contribuem para o mesmo objectivo.
A homilia fixou-se nestas duas últimas definições, com o prelado a lembrar que “comungar o Corpo eucarístico de Cristo tem forçosamente de coincidir com a comunhão prática que exercitamos no seu Corpo eclesial”.
Na missa realizada na igreja da Trindade, no Porto, D. Manuel Clemente lembrou que o Cristo presente na hóstia consagrada é o mesmo que se ofereceu totalmente na cruz, pelo que os fiéis que o comungam devem também fazer das suas vidas uma oferta às pessoas “que por Ele esperam, quer o saibam quer não”, respondendo às “fomes e sedes, materiais e espirituais de toda a ordem”.
A “unidade e solidariedade, com especial atenção aos mais fracos e pobres”, são características indispensáveis da vida eucarística e eclesial, e este vínculo que faz parte da identidade da Igreja deve ser manifestado na sociedade, frisou o prelado.
Para exemplificar os efeitos que a dimensão espiritual deve ter na actuação prática, D. Manuel Clemente aludiu à necessidade de “as pesadas circunstâncias económicas e financeiras que nos atingem” deverem ser “ultrapassadas por todos segundo as possibilidades de cada um e não agravando excessivamente a subsistência daqueles que já não têm o suficiente para si e para os seus”.
O bispo do Porto deixou uma advertência a quem recusa concretizar nos seus comportamentos quotidianos as exigências da comunhão eucarística.
“Por se entregar, Cristo fez da morte vida, vida de quem O receba com igual disposição de morrer para si e viver para os outros, no Espírito de Cristo”, e quem não entra nesta “‘lógica’” não está em condições de receber o seu Corpo, “e, se comunga sem conversão, de nada aproveita e mais se afasta”.
Para o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, as exigências da comunhão não devem ser motivo de “reserva excessiva” em relação ao sacramento, devendo no entanto implicar “muita seriedade e aplicação”.
A poucos dias da conclusão do Ano Sacerdotal – marcada para 11 de Junho – o bispo do Porto convidou a assembleia a ver nos padres a continuação dos discípulos de Jesus, tendo pedido orações por eles, “que também rezam por todos”.
D. Manuel Clemente falou igualmente sobre o significado da procissão do Corpo de Deus marcada para esta tarde, salientando que o cortejo implica um compromisso com as expectativas de quem aguarda palavras e gestos de Cristo através dos membros da Igreja Católica.
“Quando (…) levarmos o Santíssimo Sacramento em procissão, bem pelo centro da nossa cidade, Ele próprio nos levará consigo, ao encontro de todos os que O esperam, nos mil e um apelos de hoje em dia”, disse o prelado.