Bispo do Porto em defesa do «Estado de Direito»

D. Manuel Clemente apela à intervenção dos católicos perante momento «difícil» para o país e diz compreender manifestações de mal-estar

Cidade do Vaticano, 17 out 2012 (Ecclesia) – O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel Clemente, afirmou que a situação “difícil” do país pode gerar manifestações públicas de “mal-estar”, mas pediu respeito pelo “Estado de Direito”.

Em carta remetida “aos diocesanos do Porto” e enviada hoje à Agência ECCLESIA a partir do Vaticano, no decurso do Sínodo dos Bispos, o prelado disse compreender “que muitos expressem publicamente o mal-estar que sentem e sofrem, por si e pelos seus”.

O bispo do Porto sustenta, contudo, que as dificuldades não devem levar a pôr em causa “uma sociedade democrática” e um “Estado de Direito que muito custou a alcançar e deve ser preservado e honrado por todos, governantes escolhidos e cidadãos responsáveis”

Segundo este responsável, o atual contexto de crise, necessita de uma intervenção católica assente numa “grande coerência evangélica”, o que não coloca em causa a “pluralidade” das “opções políticas”, mas a forma como cada um contribui para a “promoção do bem comum”.

D. Manuel Clemente estende a sua reflexão ao “quadro” da União Europeia, mostrando-se confiante de que, desde que impere o respeito pelas “instituições democráticas”, os problemas de Portugal estarão também mais perto de “se resolver”.

O representante católico acredita que “a atual crise ocasionará um crescimento comunitário mais coerente no que à economia, às finanças e à solidariedade europeias diz respeito”, baseando-se em “alguns sinais recentes” que “vão nesse sentido e alimentam a esperança”.

O vice-presidente da CEP termina incentivando a Igreja Católica a uma atitude de corresponsabilidade, na “defesa da dignidade humana”, na ação sociocaritativa, no serviço pastoral, “em solidariedade com a nação”.

“Não nos podem ser alheias as dificuldades dos outros, em especial dos que não têm trabalho, nem perspetivas de o obter proximamente; dos que não conseguem manter as suas empresas, por falta de financiamento, aumento de prestações ou baixa de clientes; dos que já não sabem bem porque é que hão de estudar, ou pagar os estudos dos filhos; dos que temem não ter na velhice a segurança com que justamente contavam”, indica.

Uma atitude que, segundo o bispo do Porto, vai de encontro à “herança do Concílio Vaticano II”, cujo cinquentenário de abertura o Sínodo assinalou com Bento XVI, na quinta-feira, corresponsabilizando “clérigos, consagrados e leigos com papéis específicos e convergentes”.

“É no conjunto dos seus membros e na complementaridade dos respetivos papéis que a Igreja em Portugal vive a realidade portuguesa, a reflete e nela atua”, acrescenta.

A 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, um organismo consultivo convocado pelo Papa, tem como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’ e decorre dos dias 7 a 28 deste mês, reunindo mais de 260 participantes.

JCP/OC

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