Bispo do Porto contra ataques à dignidade humana

D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, afirmou hoje que a resolução dos problemas sociais e económicos do país não pode colocar em causa a dignidade humana. “Os intervenientes no processo de desenvolvimento, mesmo quando se tenha de proceder a grandes alterações, deslocações, substituições e dispensas no quadro das empresas e serviços, devem pensar em alternativas viáveis para todos os eventualmente afectados, tendo em conta as respectivas idades e famílias”, defendeu. Numa nota pastoral emitida por ocasião do 25.º aniversário da visita do Papa João Paulo II ao Porto, que se assinala neste dia 15 de Maio, D. Manuel Clemente recorda as dificuldades da actual situação social e económica na região. “Têm sido reconhecidas e analisadas as dificuldades sociais e económicas da região, em especial no que toca às empresas e ao desemprego de muitos trabalhadores. Igualmente se verificam novos surtos emigratórios, em busca do trabalho que aqui escasseia”, assinala. O Bispo do Porto mostra-se preocupado com “os abandonos da escolaridade, atrasos na qualificação técnica e lacunas na formação especializada, precisamente onde mais urgentes elas se tornam para o desenvolvimento”. “Sentem-se desencantos e desmotivações, por vezes muito precoces, em relação às perspectivas de vida, com reflexos negativos no campo da constituição e sustento da vida familiar e da disponibilidade para a participação social criativa. As boas notícias são poucas nestes campos interligados e envoltas num tom geral de apreensão sobre as capacidades da região e do país”, prossegue. Recordando as palavras proferidas pelo Papa João Paulo II a 15 de Maio de 1982, durante uma visita ao Porto, D. Manuel Clemente lembra que a dignidade da pessoa humana deve ser uma “referência constante da análise que se faça e na solução que se procure”. Nesse sentido, o Bispo do Porto recorda que “o trabalho é o caminho próprio da realização humana” e por isso, defende, “deve ser encarado como um bem social de primeira ordem”. “Garantir trabalho, promover a habilitação escolar e profissional, desenvolver a formação contínua – convencendo delas os próprios trabalhadores, para si e para os seus filhos – e obviar à ociosidade forçada, tudo são garantias de uma sociedade realmente desenvolvida”, apontou. Para o Bispo do Porto, estas garantias “longe de serem mais um dispêndio para quem tem que gerir recursos públicos ou privados, são o melhor investimento social e económico a médio e longo prazo, além de caracterizarem uma sociedade saudável”. “Estou certo de que os portuenses e portugueses recordam com gosto a inolvidável visita do Papa João Paulo II, há vinte e cinco anos. E que as palavras que então nos deixou iluminarão muitos dos que, nas circunstâncias actuais da sociedade e da economia, não desistem de criar um futuro em que a humanidade geral e de cada um seja o primeiro valor a garantir e promover. Uma sociedade em que caibamos realmente todos”, conclui. Notícias relacionadas Porto lembra João Paulo II

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