Bispo do Funchal relata experiência junto dos imigrantes na Argentina

A comunidade portuguesa de Buenos Aires (Argentina) erigiu um Santuário em honra de Nossa Senhora de Fátima, em “Sierra de La Ventana” dando ofertas e trabalho voluntário gratuito, o qual entregue à Diocese de Baía Blanca, constitui um centro de evangelização e de pastoral. Apoiando-se nos padres missionários scalabrinianos que trabalham na Argentina, nomeadamente o Pe. Irineu Zotti, que se dizem felizes de poderem trabalhar com a Comunidade portuguesa, D. Teodoro salienta que se trata de «uma comunidade exemplar e não só para os capelães, mas para toda a diocese. Exemplar na questão familiar, na forma como se comportam uns com os outros, na maneira como vivem a sua fé, na forma como são testemunhas de Jesus Cristo e dos grandes valores». Sustêm os sacerdotes que «algumas pessoas da comunidade que morreram, foram duma fidelidade e de um testemunho de vida cristã, que se eles não foram para o céu, é porque ele não existe». Na cadeia, neste momento havia só duas pessoas por motivos um pouco banais numa comunidade que tem 16.000 portugueses. Sublinha o bispo que na Argentina, consideram-se portugueses, somente aqueles que foram de Portugal. A segunda e a terceira geração consideram-se argentinos, muito embora a Embaixada de Portugal considere também a sua nacionalidade portuguesa e conceda o respectivo passaporte. No entanto, estes filhos e netos argentinos de pais portugueses, «de alguma forma ainda conservam alguns valores cristãos dos pais, de honradez, de fidelidade, de trabalho, de generosidade. Porque a comunidade portuguesa, não só aqui como em outros lugares, é aquela que menos sofreu os revezes destas revoluções», acrescenta D. Teodoro. Salienta ainda que «esta separação de todos estes anos, sem terem comunicação nem com a Igreja em Portugal, nem também, com associações portuguesas, das comunidades portuguesas, fez com que as relações com a mãe-Patria fossem apenas de saudade. Não houve visitas. O problema económico da Argentina foi muito grave, e não permitiu qualquer relação, muito embora estas comunidades tenham continuado de facto, sempre fiéis às suas raízes cristãs e portuguesas, de modo especial a devoção à Senhora de Fátima». O idioma é o castelhano. Mas na liturgia às vezes fazem uma leitura em português. E os cânticos a Nossa Senhora de Fátima, também continuam a ser em português. O Santuário inaugurado por D. Teodoro, foi entregue à Diocese de Baía Blanca, que o vai utilizar como Centro de Evangelização e de Pastoral. Aliás o bispo titular esteve presente nos actos da inauguração e da bênção e entronização da nova imagem de Nossa Senhora de Fátima. O Santuário terá sido construído com ofertas dos fiéis que tiveram como tesoureiro uma pessoa hábil e de visão em questões financeiras, pois foi comprando dólares e guardando-os em casa, porque se os tivesse na banca, teria cambiado um peso por dólar, e não teria alcançado o valor cambial da actualidade, que permitiu a construção de todo o complexo. Aliás esta habilidade é considerada uma graça de Nossa Senhora. Também foi destacada a colaboração dos trabalhadores portugueses que, vivendo embora em Buenos Aires a 600 km de distância, iam todos os fins-de-semana prestar colaboração gratuita, andando ao volante cerca de 14 horas. Para a comunidade, para os padres missionários e para o bispo do Funchal, é uma «obra admirável». A «Sierra de La Ventana» é também uma zona de Turismo, onde os peregrinos e turistas são recebidos no Hotel, havendo ainda algumas unidades habitacionais postas ao dispor dos serviços do Santuário. De forma tal que os portugueses plantaram em terras argentinas um padrão imortal da sua fé, devoção e amor a Nossa Senhora de Fátima. A visita de D. Teodoro constitui um reforço dos laços entre as duas Igrejas irmãs, e certamente um tomar de consciência ao apoio que deve ser dado, oficialmente, a estas comunidades do hemisfério sul, que estão longe da sua terra, mas a conservam, profundamente enraizada, no seu coração.

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