Para reflectir, descobrir, acolher, acompanhar e formar vocacionados 1. De 12 a 19 de Novembro decorre nas 20 Dioceses portuguesas a Semana dos Seminários. Desde há vários anos que a Igreja em Portugal decidiu que o Seminário como coração da Diocese, necessita de uma semana para reflectir sobre a missão sacerdotal e a forma de descobrir, acolher, acompanhar e formar os vocacionados para o sacerdócio católico. Para a mesma finalidade pede aos cristãos e homens de boa vontade para cooperar com as suas ofertas na formação dos futuros sacerdotes. Os últimos Papas, como sentinelas de Deus, que conhecem ao perto e ao longe o termómetro das vocações, apontam como prioridade apostólica das dioceses e paróquias o interesse pela descoberta e acompanhamento das vocações à vida consagrada. Não é uma opção, é uma urgência. Em causa está o futuro das comunidades cristãs alimentadas pela eucaristia. Não podemos esperar que os vocacionados venham bater à porta do pároco ou do Seminário a pedir a sua formação ao sacerdócio. Estes casos são muito raros, embora fossem comuns noutro tempo, hoje é preciso fazer como Jesus, procurar e chamar. O Senhor passou junto do lago de Tiberiades, “encontrou Pedro e André, seu irmão a deitarem a rede ao mar, pois eram pescadores. E disse-lhes: Segui-me, farei de vós pescadores de homens… Prosseguindo dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João seu irmão, no barco, com o pai Zebedeu a consertarem as redes e chamou-os. E eles imediatamente deixando o barco e o pai, seguiram-nos”(Mt. 4, 18, ss). Para que apareçam e cheguem à maturidade vocações sacerdotais, é preciso que as famílias sejam escolas de oração e bons costumes, os párocos aprendam a chamar e acompanhar, o Seminário tenha bons formadores e o presbitério acolha os vocacionados com alegria. Esta missão acompanha todas as estruturas pastorais diocesanas, embora com missões diversas. Enquanto uma paróquia, principalmente o seu pastor, não estiver consciente que tem de dar prioridade à pastoral das vocações, os Seminários continuarão com número deficiente de candidatos ou mesmo vazios. Não basta ter uma boa casa de Seminário e formadores competentes, sem a ajuda e apoio constante da retaguarda, que são as paróquias, o panorama vocacional degrada-se cada vez mais e continuaremos, como acontece hoje, com algumas paróquias e até arciprestados sem um único seminarista diocesano. Mais grave ainda é encontrar comunidades cristãs despreocupadas com esta situação. Quando o pároco envelhece, adoece ou morre, espera-se que o bispo nomeie sem demora um substituto, sem ter o sentido das dificuldades que o bispo tem em atender a toda a Diocese. 2. O mundo, diz Bento XVI, necessita de “sacerdotes preparados e corajosos, para quem a única preocupação seja testemunhar eficazmente o evangelho no meio dos homens do nosso tempo. Para responder aos desafios da sociedade moderna, há necessidade de sacerdotes preparados e corajosos, que, sem ambições nem temores mas convictos da verdade evangélica, se preocupem acima de tudo com o anúncio de Cristo”. O sacerdote, antes de transmitir conteúdos, deve preparar o terreno para o encontro do homem com Deus, criar, com o máximo respeito, espaços interiores que não dificultem o contacto com o Absoluto, nem fechem a porta do coração, no caso do Senhor bater, para O seguirem como pastores do seu povo. É indispensável que as novas gerações façam uma experiência da Igreja como companhia de amigos, muito atenta e próxima nas diversas circunstâncias da vida. Os adolescentes precisam que o cristianismo e a vocação sacerdotal sejam apresentados como possibilidade de viver plenamente a sua vida e que a ética cristã não o impeça de amar. A “pastoral da inteligência” dará respostas para ajudar os jovens a responder a Cristo quando os chama. Alguns estudos sobre este tema mostram que os ambientes religiosos, como a paróquia e mosteiros, conservam uma certa fascinação nos adolescentes, mas que os padres e religiosos tem dificuldade em acompanhar os jovens num processo de maturação espiritual. Desculpam-se, dizendo, que esse trabalho é próprio dos educadores do Seminário. Muito esforço e trabalho deve ser feito para que párocos e comunidades cristãs apresentem um estilo de vida atraente para os jovens e, ao mesmo tempo, tenham o carisma do acolhimento e da amizade pelos vocacionados da sua paróquia. Desde o tempo do Seminário, o jovem vocacionado tem diante dos seus olhos o modelo de pároco da sua terra. Ele espera que seu pastor considere o domingo como o dia da grande festa da comunidade cristã e que o convide para algum serviço litúrgico; admira o padre que não tem pressa quando sai de casa e encontra tempo para saudar um pobre que tem necessidade de uma palavra, acarinha uma criança, conforta uma mãe angustiada. Se não encontra acolhimento e humanismo, o colóquio dominical do seminarista com o padre será demasiado frio e rubricista. Não despertará novas vocações. 3. O Seminário precisa de ajuda da comunidade cristã para a formação dos futuros padres. Nenhum dos estudantes pode pagar todos os seus estudos, tanto na Universidade como nas casas de acolhimento. Os cristãos compreendem, ajudam e alegram-se com as ordenações sacerdotais. O que mais precisamos é da oração da Igreja pelas vocações, como nos ensinou Jesus Cristo: “A messe é abundante, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, portanto, ao dono da messe que mande operários para sua messe” (Lc. 10,2). Teodoro, Bispo do Funchal Funchal, 5 de Novembro de 2006