O Bispo de Islamabad diz que não há ainda democracia no Paquistão e entende que o país precisa de um consenso político alargado para sair da crise. Entrevistado pela Renascença, a quase um mês das eleições, marcadas para 8 de Janeiro, D. Anthony Lobo elogia a decisão do presidente Pervez Musharraf de abandonar o comando militar do país, mas afirma que essa medida ainda não é suficiente: “Estamos a viajar com esperança em direcção à democracia, mas ainda não chegámos lá. Podemos estar no curso da democracia, mas não a atingimos ainda. Mas eu diria que um bom passo na direcção certa é que o chefe das forças armadas não seja também o presidente, que o presidente não seja o comandante militar. Agora que abandonou os cargos militares é um civil, e é assim que as coisas devem ser”, afirmou. D. Anthony Lobo diz que seria positivo que todos pudessem participar e apela mesmo a um consenso entre os partidos “É sempre bom para um país que as pessoas, embora sejam diferentes, consigam trabalhar juntas para o benefício do povo e do país. Isso é sempre bom. Agora, vai haver eleições. Por isso, se de alguma forma o partido do presidente, que está no governo, o partido de Benazir Bhutto e o de Sharif se entendessem, isso seria bom. E, se calhar, vão ser forçados a isso. Se ninguém conseguir votos suficientes todos, devem estar no governo, cada um com um determinado número de ministérios”, conclui. Na semana passada, a Conferência Episcopal do Paquistão manifestou a sua “profunda preocupação” diante da manutenção do estado de emergência e da suspensão da Constituição no país, por parte do presidente Pervez Musharraf. O Paquistão está sob estado de emergência desde 3 de Novembro, quando Musharraf suspendeu a Constituição alegando um aumento da violência extremista e a intromissão do poder judicial na política do governo. No final de uma reunião extraordinária do episcopado, os Bispos convidaram os cristãos a rezarem “por quem tem de tomar decisões vitais”. Redacção/RR