Números da participação no Fórum Sinodal Juvenil são sinal de alarme para a Igreja, considera responsável do Departamento da Juventude
Viseu, 01 fev 2012 (Ecclesia) – O bispo de Viseu vai responder por e-mail às questões que os jovens lhe colocarem diretamente sobre o sínodo local que decorre até 2015, revelou hoje o diretor do departamento de juventude da diocese.
“Os jovens vão poder enviar perguntas ao senhor bispo por e-mail e ele responderá, dentro da sua disponibilidade”, anunciou à Agência ECCLESIA o padre António Jorge Almeida.
O responsável referiu que vai ser “acalentador” para os grupos receberem, “sem intermediários”, as palavras de D. Ilídio Leandro, que constituirão igualmente um “instrumento de trabalho”.
A diocese organizou este sábado em Viseu o Fórum Sinodal Juvenil, que contou com a participação de 50 jovens de três movimentos e de 12 das 208 paróquias da diocese sediada 330 km a norte de Lisboa.
O diretor do Secretariado das Vocações, Juventude e Ensino Superior declarou que aqueles números constituem “um grito e um despertador para uma urgência pastoral específica que dê atenção aos jovens”.
“Os jovens são como ovelhas sem pastor”, sublinhou o sacerdote de 38 anos, acrescentando que a Pastoral Juvenil tem como destinatários não só as pessoas “que vão à igreja”, mas sobretudo as que “precisam do testemunho cristão”, ou seja, “todas”.
O sacerdote disse que os participantes no Fórum devem ser “missionários daqueles que não participaram” e salientou que os grupos juvenis devem ser “cada vez mais abertos”, evitando fechar-se nos jovens que os integram.
Depois de qualificar de “gradativa” a participação juvenil no Sínodo, como sucede “com a de todos os fiéis”, o padre António Jorge lembrou que “onde estão os idosos nem sempre estão os jovens”.
D. Ilídio Leandro “tem vindo a fazer perceber a necessidade e a urgência da presença dos jovens no Sínodo”, apontou o responsável, acrescentando que o Fórum não pretende que a juventude percorra “um caminho à parte” mas que se aproxime do processo sinodal iniciado em 2010.
Em resposta a uma das perguntas que lhe foram colocadas no encontro, o bispo de Viseu observou que a Igreja tem dificuldades de “linguagem” e de “diálogo” com os jovens.
“Temos um modo de falar e transmitir que os jovens muitas vezes não percebem. Os jovens sentem que a Igreja lhes diz pouco. Antes da Igreja falar, eles já se afastaram, já não estão lá”, afirmou D. Ilídio Leandro, citado pelo site do Secretariado da Juventude.
A relação com quem está distante da Igreja faz-se por etapas, explicou: “Não queiramos, primeiro, ‘meter os jovens na Igreja’. Procuremos aproximar-nos deles, propor-lhes coisas que eles gostem, coisas bonitas. O ir à igreja virá depois”.
A reflexão sobre o Sínodo vai retomar-se na Jornada Diocesana da Juventude, a 1 de abril, bem como noutras atividades do Secretariado e do Conselho da Pastoral Juvenil, formado pelos animadores de todos os grupos de jovens.
O padre António Jorge considerou que os jovens têm uma “participação ativa” no processo sinodal mas ressalvou que o seu envolvimento não pode ser feito segundo a metodologia adotada para os fiéis mais empenhados, a quem se exige o estudo de vários documentos do Concílio Vaticano II (1962-1965).
“Provavelmente não podemos impor aos jovens uma pedagogia sinodal tecnicamente apurada mas, por via indireta, podemos tentar uma pedagogia de aproximação”, assinalou.
RJM